Um passarinho azul piador e as redes sociais #SQN.

Diante da tela de um computador somos deuses reconstruindo nossa existência da maneira que melhor convir.

Claro que não seriam sobre como cantam bem os pássaros verdes, não, estou remetendo aqueles de uma certa rede social, no caso a cor aqui é azul, e a ave não está trazendo felicidade, e sim fofocas.

Estamos cada vez mais distantes um do outro, mesmo estando do lado, preferimos usar apps ou buscar sinais de wi-fi, sendo que falar é grátis e só custa saliva, em um perfil na net posso construir uma história sem qualquer compromisso com a realidade, e pior, numa conversa de teclado imprimimos nossas emoções nas palavras do outro, quando alguém manda uma mensagem é impossível saber suas intenções e entonações; um simples não pode significar muito dependendo do tom utilizado, podendo ser veemente, carinhoso, amedrontado, não há como saber, e cada um julgará como receberá este não, pode ser fonte de risos, revolta, ou esfriar a conversa. Em uma sala de chat, selecionamos e descartamos quem queremos ou deixamos de querer como se estivessemos escolhendo uma cueca, ou calcinha.

Paciência gente, estamos perdendo a humanidade, e por pouca coisa, a internet quando surgiu representou um grande marco para as comunições da humanidade e para toda a sabedoria, mas como tudo o que é positivo também reflete seu lado negativo, e as redes sociais para grande parte da humanidade tornou-se símbolo de imbecialização e ostentação de mentiras, hoje produzimos ódio mortal se alguém não curtir algo ou fizer um comentário desabonador, não digo nem bloquear, aí é o fim do mundo, razão pela qual muitas pessoas tem desativado seus perfis, e pasmem muitas pessoas-sóis chegam a acreditar que são a causa pela qual A ou B desistiram de determinada rede social.

Claro que muitas vezes nossa paciência é testada com posts sobre Big Brothers, orações e correntes, sinto muito, mas Deus não têm perfil em rede social, as fotos indiscretas são o de menos, dependendo do gosto podem até render alegria para alguém, lembrando que vivemos num país de falso moralismo, hipocrisia religiosa e moral, onde o mesmo que julga também têm o rabo preso e teto de vidro.

Então que tal mudar? Dói? Claro, toda a mudança dói, por menor que seja, mas faz um bem a libertação. Sair deste mundinho virtual, escondidinho numa sala escura obsediando os outros e sendo obsediado numa obsessão cega usando a internet de forma vampírica deixando de viver sua vida para secar a vida alheia, em fotos, vídeos e atualizações.

Adianto que não vai fazer desaparecer todos os estorvos do mundo, mas com certeza a sensação de cidadania será indescritível, aí sim estaremos numa rede social de verdade, a teia humana, tecida na solidariedade, verdade e comprometimento conosco e com o próximo, e acima de tudo levando calor humano, algo que jamais uma máquina poderá reproduzir.

Redes sociais, o novo ópio da sociedade?

Somos observadores gélidos e sensores dos outros, ou ainda somos humanos em frente uma tela de computador?

Interessante o comportamento de muitas pessoas nas redes ditas sociais, na verdade de social não possuem nada. Em geral posts mais profundos ou nem tanto, são olimpicamente ignorados, na verdade o termo correto destas publicações seriam iluminadamente rasos.

A questão é que não temos paciência para a realidade, visto que, ali procura-se a nova fuga moderna, ficamos horas a fio olhando uma tela sem propósito nenhum, isso a maioria.

A razão deste texto, é que há um tempo estava em uma roda terapêutica, e uma das participantes contou a história de uma amiga sua que havia perdido o filho no começo do ano, e lógico, estava em processo de luto recente, e externava isto em seu profile com mensagens depressivas, tristes e pessimistas, a mesma disse que seus amigos reais estavam evitando sua presença e reclamavam do teor publicado em sua página, e os virtuais reclamavam do teor pessimista das mensagens em sua página na internet!

Sinceramente, difícil entender em que mundo uma mãe que perdeu o filho não pode postar mensagens pessimistas, ainda mais estando em luto recentíssimo.

O comentário da “amiga” reflete o pensamento de outros tantos, e estampa o egoísmo e futilidade que inundam essas páginas onde todos são constantemente felizes, viajados, amados e com empregos perfeitos, ah faça-me um favor!, como vocês acham que uma mãe que perdeu um filho há menos de um ano poderia se portar?

Algo está errado, quebrado em nossa sociedade, os valores estão invertidos, é melhor ler uma postagem sobre gatinhos fofinhos, ou sobre a realidade de nosso país? Eu tenho que estar sempre sorridente e de barba feita em todas as fotos? Não posso expor meu coração e falar o que sinto? Se a resposta for não, aí sim, estamos vivendo um grande engano, e a rede em que estamos não é nada social, é uma rede opressora, onde todos somos peixes agonizantes fora da água, fora de nossa verdade.

A ponte

Ponte

Para ir de um lado para outro é preciso nela pisar, basta apenas um passo e a qualquer lugar ela irá te levar. Altos mundos, baixos mundos, e o mundo do meio, por entre o universo, e entre as dimensões muitos lugares podemos adentrar.

O alto palácio pode-se visitar e reverenciar com a cabeça o Guardião que a entrada está a guardar, por ele sem permissão não há como passar. Contemple as altas torres de ouro onde os grandes senhores estão a reinar.

A árvore da vida, como um arco-íris a ponte está a rodear, do alto abaixo sem nunca falhar, de uma realidade a outra a ultrapassar.

Ao gelado e temido reino dos gigantes pode-se vislumbrar, contudo não queira por nada adentrar, vá para o radioso país do elfos, onde a luz solar está em todo o lugar.

O descanso da vida será no mais profundo reino, onde a rainha das sombras vive a suspirar por um companheiro na eternidade que irá lhe aplacar a grande solidão que a consome e aumenta seu penar, em sua desolada morada onde o cheiro da morte está em todo o lugar.

O destino não é um, são três, terríveis, inflexíveis, nada pode com estas donzelas, quando determinam uma sentença nada pode mudar, alcança a tudo, e todos não importa onde for, seu poder tudo pode permear, nem o Grande Patriarca pode as Senhoras controlar.

A terra do meio é nosso lar, onde vivemos nossos sonhos como se fosse realidade, sofrendo, querendo, morrendo num ciclo sem parar, até o último dia quando o crepúsculo dos deuses chegar.

A ponte vai, a ponte vem, somos tão pequenos que nela não podemos pisar em alguns momentos seu resplendor até conseguimos contemplar, por breves instantes até se apagar. Depois da tempestade trazida pelo Senhor do Trovão, entre as nuvens e a terra a ponte por breves instantes irá se revelar.

O Pai de Todos, do alto de seu trono por toda a ponte colorida pode acompanhar tudo que se passa nos nove mundos apenas com um olhar, sem se mover, sem sair do lugar, com apenas um dedo o destino pode modificar, em cada parte do universo tudo consegue transformar.

Cara mundo corresponde a uma dimensão, com suas realidades inteiras a sustentar. Da coma da árvore às profundas raízes, a vida flui, interdependendo-se, e sustentando-se em si, fonte eterna que nunca irá secar, emanando do Pai que está em todo o lugar.

O gelo e o fogo não podem destruir o supremo poder que a tudo está a sustentar, perecerão pelas forças do bem sempre a guerrear, por todos os mundos nada pode ultrapassar as leis das grandes senhores do altíssimo que não se pode alcançar.

bifrost_smSomente os deuses podem nela pisar, Bifrost, a bela, leva a todo o lugar, não há mundo distante em que ela não possa adentrar, com sua beleza majestosa liga todos os filhos ao supremo lar.

Em suas raízes uma fonte inesgotável sempre haverá, de sabedoria e magia para todo aquele que coragem tiver para algo valioso sacrificar. Como o olho do Pai que o grande ofertou, para ter conhecimento do que foi, é, e será; de graça nada podemos ganhar.

Haverá um dia sombrio em que esta ponte deixará de existir, quando a maligna serpente se revoltar e a ponte quebrar, quando o lobo gigante vier o Nosso Pai devorar, e a rainha da morte seus domínios aumentar, a grande batalha irá se iniciar. Hordas do mal e os valorosos senhores irão guerrear, os antigos cairão, e a realidade irá se dobrar ao destino fatal que irá chegar, trazendo o fim de tudo pela serpente do mal, malévola criatura sem piedade, e sem par.

Tristes não fiquem, nem chorarem de pesar, pois o fim é necessário para tudo mudar, e um mundo novo renascerá; não nove, um gigantesco paraíso que jamais perecerá, novos deuses, novos seres em comunhão, após tanta dor no país do verão, todos viveremos cantando uma só canção, todas as árvores da vida serão. A morte e a dor ali não reinarão, não haverá pai, todos seremos irmãos, em um novo mundo construído com união.

Mnemosine

MnemosineA memória é nosso bem maior e inestimável. É o norte de nossas vidas, é a determinação de nossa condição humana, evolutiva e emocional. É uma qualidade do ser humano lembrar, armazenar conhecimento acumulado ao longo da existência do planeta.

Lembrar é reviver uma situação de vida, da família, dos amigos, estudos, e etc; somos recortes ambulantes de diversos momentos vividos, às vezes repintados, reciclados, perseguidos. Sabe quando procuramos sentir novamente aquela sensação do primeiro amor? Ou aquele momento em que as lágrimas chegam aos olhos ao lembrar aquele desenho da infância, ou as brincadeiras de moleque?

Documentos e mais documentos sustentam nossa sociedade, um conjunto de leis criadas pelos homens põem ordem ao caos social, muitas civilizações surgem e caem, e sua perpetuação histórica é mais um instrumento da memória.

MnemosineMnemosine, segundo a mitologia grega, é uma titânide, de sua atuação deriva a origem da palavra “memória”; todos os heróis da antiguidade à Ela devem tributos, pois se conhecemos Hércules ou Aquiles hoje, é graças ao poder dela, seja por qual instrumento for. As bibliotecas, arquivos públicos, banco de dados, e afins são seus templos modernos, nestes locais as informações são armazenadas para serem acessadas de hoje até uma data indeterminada no insólito futuro.

O amor não sobreviveria sem as lembranças, o poder do tempo que a tudo corrói é suavizado pela ação da memória. Se assim não fosse a paixão não duraria segundos, pois precisamos lembrar o quê nos encantou na criatura; lembrar os motivos que levam a sermos amigos de determinadas pessoa, e de outras não, até mesmo para construir e manter nosso caráter faz-se necessário a ação de Mnemosine, retendo aqueles momentos cruciais onde a moral é testada, sejam bons  ou não tão bons, no profundo do nos inconsciente.

Deusa misericordiosa é também aquela que soterra as más lembranças no mais profundo de nosso ser, naquela parte de nossa mente inexplorada. As ciências, o intelecto, e a erudição dependem Dela para sobreviver, e continuarem a evolução humana, mesmo com seu culto em declínio atualmente, ela nunca deu as costas ao mundo dos homens, entretanto alguns deles até tentam sair de seus domínios, como uma parcela de nossos políticos de “memória fraca” em relação aos seus atos e promessas de campanhas; esses até são merecedores de seu castigo obliterador: a amnésia, este intrigante fenômeno do esquecimento patológico.

Quando o fardo é pesado demais seria melhor esquecer? Quando a dor for muito forte não seria melhor deixar para trás as dificuldades, e recomeçar como uma folha em branco? Algumas situações refletem uma dor tamanha que o melhor, na visão de nosso ego inimigo, seria esquecer, mais do que deixar para trás os problemas, esquecer talvez não seja o melhor, mas e a experiência, a sabedoria de viver que advém com os momentos vividos? E os momentos de felicidade?

MnemosineA cultura helênica é fonte inesgotável de sabedoria profunda, os gregos foram os primeiros seres a dimensionar a importância da memória, tanto que a situam em sua cosmogonia primordial; os titãs, seus iguais, são pintados como os filhos do céu (Urano) e Terra (Gaia), os primeiros, os pais dos deuses olímpicos, os titãs eram as primitivas forças da natureza que necessitavam de dominação, controle, dentre eles estava Mnemosine, a mesma que não tomou parte na titanomaquia, saiu sem punição desta guerra, e ainda foi amada pelo grande vencedor Zeus/Jove, o Senhor dos Deuses, sábio que era, sabia que precisaria dela para que seus feitos não se perdessem com o passar do tempo. Nem mesmo a morte (Tanatos) possui maior acento que ela, nossos mortos sempre viverão em nossas lembranças onde poderão ser acessados sempre, e da forma como quisermos. Falando nisto, havia também um pensamento clássico em relação às memórias, os mortos, ao entrar no reino de Hades esses espíritos desencarnados deveriam banhar-se no rio do esquecimento,e dependendo de seu merecimento vagariam pelo inferno como fantasmas ocos, ou iriam para os prazeres dos Campos Elísios, em ambas as situações eram despojados de reter seus atos passados.

As histórias antigas passam, são esquecidas e deixadas para trás, transformam-se em outros mitos são assimilados por outras culturas, são sincretizados em santos, porém continuam a existir num campo metafísico acima do nosso, e também numa esfera filosófica. Mnemosine/memória será sempre imprescindível para nossa realidade onde o tempo segue em linha reta, devorando tudo em seu caminho, deixado um rastro de acontecimentos que são instrumentalizados pela deusa em questão.

Velho

VelhaJá parou para apreciar a profundidade do olhar de um velho? “Como? Não seria idoso? Melhor idade?”, sinceramente, não! Pode até ser melhor idade em outro país, mas no Brasil, nossos idosos são tratados na maioria das vezes como um peso, algo que necessita cuidados extremados,  como se fossem crianças, não raro acabamos infantilizando-os, uma tremenda falta de respeito. E quanto a palavra idoso, é a antiga história de mudar o nome, mas não resolver o problema.
Entretanto, e os olhos? Há uma beleza inenarrável naquele olhar perdido entre sábias rugas, no interior daqueles olhos repousam um verdadeiro universo de sabedoria e possibilidades, quem convive com um idoso recebe a cada momento, se souber aproveitar, um fluxo de conhecimento de quem já viveu coisas que talvez não viveremos, muitas aventuras, amarguras que ensinaram o bom caminho, e repousa agora sob a tranquilidade que só sabe quem têm este tesouro chamado sabedoria da experiência.
A finitude é o destino de todos os seres humanos, e antes dela, se formos merecedores, desfrutaremos da verdadeira melhor idade, a idade mergulhada em sabedoria, sabedoria que nos ajudará a suportar a falta de educação e prepotência dos mais novos, os desrespeitos do governo, a precariedade da saúde (privada e pública), o frequente abandono da família, e o desprezo social. Quem sabe quando eu chegar na minha velhice, se é que terei a honra, quem sabe será diferente e serei valorizado…!?

Um sonho verde

Então veio a cegonha, carregando inúmeras sementes em seu bico, sobrevoou  por entre a copa das árvores, decorando o horizonte com sua alva cor, era um tal de voa pra lá, voa pra cá, algumas sementes deixadas pelo meio do caminho durante seus desastrados rasantes, e assim surgiu a sementinha marrom, frágil, queixosa e geniosa, ao seu lado outro desventurado, sim pois cair aos pés de uma árvore gigante, e que iria bloquear a maior parte do sol, já era por si só uma sentença de morte. Um destino mal fadado, que a geniosa assombrada não assumiria, e assim se deu, todos os dias dos dias solares ela reclamou, esfolhou-se, ameaçou não dar fruta nunca, chorou e por fim deu-se vencida em sua imobilidade protestante.

Naquele verão a pequenina muda havia perdido toda a sua inocência em uma terra ingrata, dura e seca, a água era difícil de ser ser sorvida, até mesmo sentida; de quando em vez o Irmão-vento ia visitá-la para levar um ventoso alento, mais desaventurado que a pequena rebelde, era seu irmãozinho igualmente raquítico na sombra daquela grande, e egoísta rainha verde.

Os dias arrastavam-se secamente, destruindo tudo em todas as terras daquele lugar, a falta de luz, e de nutriente levará seu irmão de implicância. A raiva, a dor, e a fome, tornaram-se o combustível para sua sobrevivência, desistir aquela altura do campeonato não era opção, e assim deu-se, com seus pequenos galhos contorcendo-se a procura dos ínfimos raios solares que conseguiam chegar ao chão até ela, até pensava em quais frutas daria, que sabor teria, e mergulhada nestes doces sonhos do futuro o mundo torna-se mais negro, mais mergulhado nas trevas, e em alguns segundo a imobilidade de uma vida desaparece  e tudo começa a girar, girar, enquanto seu caulinho gira pelo ar nas mãos de uma criaturinha risonha, e indolente, ao longe uma voz algo severa, parecendo uma advertência, não pôde compreender direito o que dizia aquela voz ao longe, o mundo parou de girar, e sentiu-se no solo, não da forma de antes, suas raízes não sentiam mais a dureza aconchegante da terra, e ali permaneceu deitada, definhando, perdendo os restos de seiva que tanta luta custou para acumular, e dentro de alguns dias tudo acabou, levando consigo os sonhos se ser uma alta mangueira, senhora de doces frutos suculentos.

Um dia de pessimista…

ImagemO mundo é uma lástima, um oceano inteiro de dissabores onde o homem vai refrescando-se em pequenos oásis de falsas esperanças.

Nosso cotidiano é um suspiro de angústias na vastidão de tragédias que amontoam-se pelo universo, e assim caminha a humanidade feito gado para o fim iminente.

Passamos a vida inteira procurando um suposto grande amor que não suprirá nada, ou uma forma perfeita que como resultado trará outro desejo de ser mais perfeito ainda, e a triste certeza que não passamos de pequenas sombras num espelho maior que é a grande comédia de nossa existência. Viemos aqui para sermos escangalhados, vilipendiados, e julgados a cada instante, pela roupa, pelo humor, jeito de ser, e até mesmo gostos cinematográficos; não temos o direito de fazer o quê der na telha, claro, sempre haverá seres prontos a podarmos de nossa plenitude.

Neste planeta os muitos grilhões prendem-nos ao sofrimento e aos desejos relegando nossa existência a uma imensa roda da fortuna.

Outra ilusão cruel é a da amizade, um grande engodo, não existem amigos na concepção genuína da palavra, podem existir interesses em comum por algum tempo, admiração ou inveja em seus diferentes graus, porém aquela amizade pura é balela, alguns até são sortudos conseguem alguns bons companheiros específicos, e isto também está relacionado ao mecanismo de vantagens.

No fim estamos sozinhos, perdidos e cegos com toda a falsidade deste mundo, e todas as trevas que sugam constantemente nossa luz e graça, essa ilusão quanto mais cedo for destruída mais rápido teremos chances de uma existência um pouco mais honesta para conosco. Pareço extremamente pessimista, entretanto estou apenas sendo realista, e incisivo, estou cansado de uma realidade plastificada, moldada para controlar e oprimir, se constatar o real é cair na tristeza então que seja, não tenho mais forças para lutar contra tudo isto que está aí, eu entrego-me, rendo as armas, para mim acabou, vou viver um dia de cada vez se possível for, todas as minhas crenças no ser humano foram por água abaixo levadas por minhas próprias lágrimas, estou exaurido, destruído e sem esperanças; se fosse permitido eu iria hoje mesmo deste mundo sombrio, contudo não pertence a minha escolha ficar ou partir, sigo daqui mergulhado em minhas dores que aumentam, em meus suspiros, contínuo rezando pelo meu próximo, porém este peso moral atrapalha meu sono, e o nojo de todo este sistema tira minha vontade de caminhar, não há prazer, não há amor ou amizade, só restou o branco, uma imensidão alva sem tons definidores, sem cheiros ou gostos, viver perdeu seus sinônimos e tornou-se um fardo, não compreendo mais a razão de ser de um sorriso, em meu mais profundo sonho quero somente nunca ter existido. Dói-me o simples ato de respirar, olhar para um espelho e constatar que muito foi perdido, jogado e amassado pelas situações, porque isto? Qual o significado daquilo? A paixão é o fogo impulsionador, a fagulha que necessitamos para continuar nossa caminhada rumo ao fim, sem ela resta o frio.

Há justiça no mundo?

Não tenho muita certeza se ainda há justiça no mundo, sim, este mundo em que estamos vivendo, caminhando para o fim, são tantos dissabores, tanta coisa errada, gente pagando pelo erro que outros cometem – eu por exemplo, entretanto não quero falar de mim, sou um na multidão. Quantos casos chegam às notícias de pessoas condenadas injustamente, que precisam recorrer de decisões, ou mesmo que passam anos na cadeia pagando por crimes dos outros?, ou que nem sequer existiam?, há um consenso no ar de que o todo o nosso sistema judiciário está em colapso, que o judiciário está abarrotado de processos, que a justiça é lenta, coisa que não acredito, a justiça têm o tempo necessário para se avaliar um processo, com todos os detalhes para que não aconteçam justamente: injustiças!

Vivemos num país onde tudo deve ser pensado antes de sair de nossas bocas, visto que pode ser um boomerang que vai e volta, e volta com gosto de gás, turbinado para cobrar seus juros. Porém, há outra falta de justiça, a da vida, a da existência, aquela dos muitos com tantas riquezas, e outros com tão pouco, paupérrimos. Qual é o propósito disto?, de um mundo onde uma parcela de seres humanos devem viver submisso à um grupo de poderosos, algum propósito há; alguém em algum lugar esta colhendo os louros da ignorância de uma nação indolente. Em muitos casos a impressão que temos é que tudo estagna-se, não há evolução, tudo permanece como sempre foi, inerte. Assim a vida passa, levando nossos tesouros, primeiro nossos sonhos se vão, quando chocam-se com esta barreira de realidade, daquele chefe intransigente, de pais que não sabem estimular seus filhos, enfim, em algum momento acordamos, e não temos mais direito de sonhar, por ser algo lúdico demais, não temos tempo, há o cheque para pagar, as compras, a escola da crianças. Assim, esvai-se o que temos de mais precioso que são os tempos de nossa juventude, em pleno vigor da saúde, neste período não nos é concedido relaxar, temos que trabalhar, construir uma carreira, comer mal, começar o projeto de destruição de nossa saúde que vai aos poucos cedendo à gordura visceral, ao diabetes, ao estresse, depressão, ansiedades, e etc…; lá pelo meio de nossa jornada Saturno, velho em seu retorno irá cobrar-nos ainda mais o motivo de não termos sucesso, ou aquela promoção, ou simplesmente, sentimos o peso de não sermos felizes, de não termos conseguido alcançar ainda o status a que nos propusermos conquistar quando iniciamos carreira, assim mergulhamos na crise de meia idade.

Quando chega a “melhor idade”,  sim, coloco em irônico contexto visto que, não existe isto de melhor idade, e ainda é politicamente incorreto falar velho, é o velho recurso brasileiro de mudar o nome das coisas sem corrigir a raiz do problema, o mesmo aconteceu com a lepra que passou a ser chamada de hanseníase, porém o preconceito continua. Em nossa jornada doamos os melhores anos de nossa vida por uma sociedade que não dá a mínima para nosso trabalho, compartilhamos nossa vida com amigos que muitas vezes não estão interessados, ou sofremos, lutamos, morremos por ideais que se perderão no espaço de boas ideias que constroem os muros do inferno. Quando enfim podemos desfrutar de nossa obra, do pouco que o sistema nos permite acumular já não temos mais vitalidade, estamos mastigados pelas decepções, cansaço de anos de doação, fadados a um esquecimento total após nossa morte. Assim é a vida, revestida de mentiras, de muitas pessoas falsas que não valem o que o gato enterra, que são arrogantes e prepotentes, mas que não admitem isto nos outros, como bem disse a querida Rosana Hermann em um artigo fantástico em seu blog, quem quiser conferir pode clicar aqui, é delicioso o texto.

O mundo cobra cruelmente a obrigação de ter o sucesso, de ser reconhecido, visto, e amado; a vida na realidade é totalmente diferente, a falácia das boas vibrações pode até levar-nos à depressão, como se perseguíssemos um pensamento obsessivamente: “Tenho que ser feliz, tenho que ter pensamento positivo sempre!”, claro que é uma besteira! Somos senhores de nós mesmos, escolhemos o caminho que queremos seguir, se não deu certo paciência, tentemos de novo, e de novo, até conseguir, ou cair de novo para levantar quantas vezes forem necessárias; hoje estou particularmente cansado, pensativo, um pouco desesperançado da vida, das pessoas, estão acontecendo coisas que fogem ao meu controle, e não tenho nada a fazer contra as mesmas, pois é uma maré profunda, forte, que nada posso fazer como formiguinha que sou, e esta situação vem mostrar o que já estou desconfiando, que não há justiça no mundo, não neste mundo.

Eu, ser apolítico.

Meus pensamentos são muito duros em relação a política no meu país, e em outros lugares. Não sou a favor deste ou daquele partido, e procuro trilhar meu caminho bem longe de algo que não me interessa, não voto há muito tempo por não acreditar neste mecanismo.
Sim, não acredito no voto, e sou da corrente que vai com o grande dramaturgo Nelson Rodrigues quando o assunto é unanimidade, visto que, nem sempre a voz do povo é a voz de Deus. Minha personalidade é daquelas das montanhas, um pouco pessimista em relação ao cenário político, seja aonde for, os seres humanos, pelo menos em todo o ocidente, e grande parte do oriente não estão preparados para o “poder”, digo assim entre aspas, pois o verdadeiro poder é o interior, o maior governo que possamos desempenhar é a autoridade sobre todos nós mesmos.
A ética pessoal, e o autocontrole é difícil, se não se têm controle sobre sua moralidade não pode-se querer ser um ditante do caráter dos outros. Não há oposição política em nosso país, há sim um jogo de vantagens e favores, dependendo do estado rabo de cada um. Nesta esteira mentes brilhantes são sacrificadas, pessoas com boas intenções são colocadas na margem, enquanto um rio corre rumo ao oceano das perdas e esquecimento. Das tribos, passando pelo nazismo, fascismo, populismo, conservadorismo, monarquia, ditadura, entre tantas encarnações da máscara da política o quê fica evidente é a incapacidade do ser humano de se identificar com as verdadeiras necessidades do povo, do social, tantas vidas já foram perdidas neste jogo de interesses, e para quê? O mundo continua ruim, e particularmente em nosso país os pobres são os mais afetados, negligenciados, relegados a massa de manobra, com suas barrigas cheias por uma bolsa X; os ricos continuam mais ricos, financiando o status quo.

Lembro-me de um filme que vi ano passado, e que fez muito sucesso no Brasil, Nosso Lar, o personagem recém-chegado foi recebido pessoalmente pelo responsável da Colônia, algo impensável no mundo real, mas que ilustra contundentemente onde está o problema, tente uma audiência individual com a presidenta! Acho que não será tão simples assim…
Sou um ser apolítico, porém ético, não sou afiliado a nenhum partido político, nem simpatizo totalmente com todos em ideias. Para se ter uma noção do desencanto nacional, as notícias relacionado ao mundo político na maioria das vezes causam asco na população brasileira, e um sentimento de inutilidade concreta, que têm uma grande parcela na preguiça tupiniquim de pensar um pouco além de seus preconceitos, e a demora de nosso sistema judiciário e a brandura de penas aplicadas.
Somos refém sim do momento atual, da vontade dos poderosos que moldam a realidade, derrubam opositores que muitas vezes são até bem intencionados, porém soterrados pelos interesses maiores.
Querer desenvolver um interesse político na população não é a vontade geral dos nossos representantes, em todas as eras pensar sempre foi um perigo, talvez porque pensar implique a necessidade de responsabilizar a si, e ao outro, e é muito mais fácil ser cuidado outros, os coitados despertam a compaixão alheia, e daí advém vantagens e presentes.
O voto pode ser um instrumento de mudança de situação, entretanto é necessário maturidade, e objetividade, qual é o foco? O que queremos para nosso futuro?, enquanto formos massa de manipulação de campanhas de marketing avassaladoras, e veículos de mídia que manipulam as informações, e distorcem fatos, enquanto isto ainda estiver vigente por aqui o voto continuará sendo uma ilusão,  e no fim, sempre terei as montanhas como refúgio.

Um pouquinho de elegância não faz mal!

A elegância cabe em qualquer lugar, e não deve ser nunca confundida com falsidade ou demagogia. Quem é elegante não perde tempo com certas coisinhas da vida, nem gasta sua preciosa saliva com qualquer assunto; passa longe de fofocas, e maledicências.

Dentro de suas qualidade mais sublimes, está o respeito às opiniões divergentes das suas, e o dom de ser ouvinte; mesmo quando o assunto não lhe apeteça, doar seus ouvidos também é um ato de amor para com o próximo, lógico que neste caso não é para sacrificar os tímpanos (seus ouvidos não são penicos!), nem tampouco dizer “amém” à qualquer disparate, e lógico que ao recebermos todo o fluxo de informações não podemos nos privar de prestar um auxílio com nossas considerações, lembrando que não se joga pérolas aos porcos. Então quando aquela conversinha começar a ir latrina abaixo agarre-se na cordinha da descarga. E aproveitando o rumo do assunto, é de bom tom saber usar o banheiro, se ainda não aprendeu está na hora de começar, molhou?, seque; não lave o vaso com urina se for homem, e abaixe a tampa ao usar; e menina, enrolem os absorventes usados em papel higiênico, por favor!!!

Vejamos a opinião de nossa sumidade no assunto:

Hum!!! Vaga para deficientes e idosos em estacionamento, pasmem!, já vi carro oficial em uma dessas vagas, o horror dos horrores!!! Falando nisto, como adoro filmes de horror, e não tem nada pior do mundo do que conversinhas paralelas na hora da exibição no cinema, gente, quer conversar não precisa pagar caro para tanto, vai para a pracinha, mas não ao cinema, é antinatural, e uma baita burrice!

Não é difícil ser elegante, e a ética pode contribuir muito para este hábito, se pensarmos sempre em não fazer aos outros o quê não gostaríamos que fizessem conosco teríamos um exército de elegantíssimos seres humanos, não acham?

Serei elegante e terminarei este post para não cansar muito você leitor com esses apelos por um mundo melhor, mais bonito, e cheio de elegância.

Os sons

Fonte da foto: naoinercial.wordpress.com

Alguns acreditam que os sons são partes que dependendo de qual origem tenham, podem vir a se perderem na imensidão de dados em nossas complexas mentes. Dizem também que a audição é o último sentido que se vai quando morremos. Poético não?

Barulhos, ruídos, canções, tudo é constituído basicamente de sons, um conjunto de notas musicais também formam uma melodia, uma dezena de instrumentos criam uma sinfonia. Tudo aglutinado, acrescentando vários níveis de decibéis da origem à chamada poluição sonora. Sim, para quem não sabia, fique sabendo que existe poluição causada pelo som. É aquela obra barulhenta; o barulho dos aviões chegando e partindo,  se você, como eu, já morou ou mora, perto de uma aeroporto sabe do que estou falando. Até aquele vizinho “inocente” com seu #bregafunkpagodeaxéclássicopoprockraioqueoparta que não permite seu sono de beleza no domingo, obrigando-o a trabalhar como um bagaço na segunda-feira, está propagando altos níveis de poluição sonora.

Os sons podem ser divinos, não é mesmo? Bach, Schubert, Gonoud,  e muitos grandes compositores, e fazendo justiça cantores atuais, transportam-nos para um universo angelical elevando nossa alma aos confins de um espaço superior. Uma música é um registro vivo de um momento, e meio pelo qual podemos acessar estas memórias. Gostoso relembrar um ponto de nossa vida com uma trilha sonora. Tudo isto é fantástico, pessoalmente falando, para você não?

Nossas vidas são tal qual um grande filme, a película do planeta terra, com todos os gêneros misturados, indo deste o horror ao romance, do épico à comédia, uma grande sessão de cinema cujo fim pode estar próximo, ou muito distante de terminar, uma mídia interativa, onde todos somos atores principais encerrando complexidades de grandes personalidades. Pensando assim, vem a dúvida: quem está assistindo este filme confortavelmente na planteia? Será que somos criticados, ovacionados ou desprezados?, seriam expectadores barulhentos, mal educados, com celulares tocando a toda hora? Ou os únicos sons seriam nossos resmungos, gargalhadas, lágrimas, etc?

Vamos fazer um exercício?

Deite, sente, fique em um local confortável, e imagine o seu quarto, sua casa, o mundo inteiro sem sons? Como seria? Teria alma? Respondam nos comentários!

Durante uma tempestade os céus choram, perdem seu harmônico azul, durante alguma tempo o mundo parece castigado e amuado, entretanto logo surge um arco-íris, a aliança da promessa, o presente dos deuses, o sinal maior da esperança, e recompensa no fim.

Fonte: meionorte.com

Fonte da foto: meionorte.com

Lembrando tempestades.

Não entendo como podem algumas pessoa odiarem os dias chuvosos? é difícil para quem já sentiu uma tempestade começando a se formar, ou cheiro único do O³ quando uma tormenta escure o céu (dependendo do lugar onde você more), ou o cheiro de terra molhada numa tarde morna.

Infância feliz, aquela passada sentada na cadeira na frente da porta molhando os pesinhos com os pingos da chuva. Lembrando esta época, eu era meio louquinho! Imagina que eu subia na copa do enorme abacateiro estéril que existia no meu quintal, era delicioso sentir-me parte daquela árvore, à merce do embalo do dos ventos; porém, entre nós, que perigo né? já pensou um raio errante na meu lombo?

Sempre serei apaixonado pela água que cai do céu, molhando meu corpo, por consequência, minha alma, levando embora muitos pesos.

A mente: seu escudo

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A mente é um mundo, é como um oceano, relacionado com tudo existente nele, as poderosas e indomáveis correntes marinhas, centenas de animais com suas naturezas, inclusive as fossas abissais.

Relacionado aos mares estão também mitos, crenças, medos antigos e inexplicáveis. É praticamente impossível domar o mar, como parece também impossível domar a mente, quando aproxima-se uma tempestade nada pode impedir que as águas sejam agitadas, tsunamis se formem e por aí vai. Uma grande parte dos efeitos como o citado tsunami acontecem no profundo, no mais íntimo, relacionando as fossas marinhas com o inconsciente que tanto nos aflige, porém ele não é nosso inimigo, apenas está lá para nos proteger, tentando desesperadamente processar essa miríade de informações com que somos bombardeados a cada instante, é nele que ficam escondidos, enterrados os nossos maiores terrores e entraves. Em contrapartida temos o boçal ego, o ego tanto atrapalha nossa evolução em diversos momentos de nossa vida, e se analisarmos muito chegaremos no ponto de descobrir que o ego é composto de diversos eus, são muitas possibilidades, são inúmeras máscaras que usamos em cada situação da vida, e não adianta dizer que você é bem resolvido, e verdadeiro, pura besteira.

Entretanto, como domar esse mar gigantesco? Como sair de um padrão que tanto nos acorrenta? O mais importante é entender que temos o poder de criar, e como criadores podemos fazer o quê for preciso para mudar, evoluir, e através do pensamento é o único caminho, não falo somente sobre pensamento positivo, mas também uma mudança de postura em relação ao mundo que vivemos. A verdadeira mudança ocorre de dentro para fora, que tal todos os dias realizar uma meditação mentalizando uma realidade melhor, transformando nossa realidade, mudando para melhor. Não é fácil, ainda mais quando se está preso a tempo demais dentro de um mesmo padrão, afinal nos acostumamos ao sofrimento, estar preso no círculo do sofrimento enobrece é muito cômodo, ainda mais em nosso país onde é feio ser bem sucedido.

Vamos lá, todos os dias pela manhã antes de sair, sente-se ou deite-se em algum lugar calmo, respire, e mentalize como você quer que seja seu dia, pense em tudo dando certo, em harmonia, e paz, e o mais importante sinta-se envolvido por essa luz que emana de sua própria criação, pois você é uma imagem do divino, você é criador, então ajamos como tal.

conselho da vitória

Mergulhe na lei dos silenciosos,

vista a máscara da Senhora da Floresta.

Abrigue-se no doce e sacrossanto seio leitoso lunar,

descanse, retorne, brilhe,  e cresça na luz.

Vista a armadura celestial, seja o verbo, deixe os Raios dissiparem as trevas.

O verdadeiro combate foge dos campos.

Não combata cascas, medite no Eu Sou.

escola da vida

Sempre acreditei que a vida é feita de pequenos mosaicos de momentos, não importa se são momentos felizes, tristes ou amargos. A arte de viver é exatamente isto, saber lidar com esses momentos, e conseguir transitar entre essas “realidades”, o apego pode ser um de nossos entraves ao amadurecimento, quantas pessoas conhecemos que possuem um apego forte aquela época em que “éramos felizes e não sabíamos”, é muito mais comum do que pensamos. Por outro lado podemos igualmente ter um laço ruim com a tristeza, o medo de ser feliz, de ousar, fazer outra coisa diferente para a evolução acaba sendo um martírio, ou uma cadeia; sabemos que a dor encarcera, e a tristeza pode ser reconfortante do ponto de vista do comodismo, da compaixão tanto nossa, quanto do outro. Quando alguém sente piedade acaba se obrigando a ser gentil, oferecer presentes, visitar, enfim, há uma recompensa por trás do “ficar doente”.

É muito difícil ser responsável pela nossa vida, mas estou falando de uma responsabilidade profunda, mais ampla, e o primeiro passo é estar em si, mas o que vem a ser o estar em si? Não é tão fácil entender, eu estou tentando até hoje, e tentarei pelo resto de minha vida, começa pela consciência de ser, e não aceitar mais a máscara de coitadinho, tão em voga em nossa sociedade brasileira; segundo é preciso bancar seus atos, há alguma coisa superior, acima, transcendente, e é você mesmo! O seu eu maior, mas não num sentido egocêntrico, mas num sentido metafísico, não somos apenas matéria física, de maneira alguma, somo muito mais, somos luz, deuses, e como tal temos responsabilidade (não entendam mal, quando acreditamos que somos apenas isto aqui, carne, e que nada mais existe, ou que há uma consciência superior, preocupada com cada passo que damos, e que está pronta pra nos castigar, ou que lá embaixo há um demônio que nos espera se não andarmos corretamente dentro de certas doutrinas nos eximimos de responsabilidade, ora se há um deus em cima que controla e outro embaixo idem, não passamos de marionetes nas mãos de forças maiores) somos senhores de nosso próprio destino, não existe nada além de você e de nossa enorme comunidade universal, as escolhas que fazemos no nosso cotidiano determina nossa evolução, e quem somos de verdade.

Se estivermos sempre longe de nossa essência não passamos de cascas, e cascas existem para serem manipuladas, e ocupadas por consciências escusas, retirando todo o esoterismo, e o preconceito e falando de maturidade e responsabilidade, estar em si é o melhor caminho para nos descobrirmos, esta busca que cada um tem em encontrar algo maior, é na verdade uma busca de si mesmo, da sua verdadeira identidade, chame você de espírito, eu superior, ou o nome que queira dar. Sejamos completos em nós mesmos.

Voltando ao assunto inicial, há momento que gosto de chamar de transitório, ou de transição, que são aqueles momentos em que não são felizes, ou triste, ou em determinado ponto da vida em que não sabemos ainda para onde devemos ir, ou precisamos ficar, esperar para dar o próximo passo, ou quando nos preparamos para uma nova etapa da vida, como fazer uma faculdade, estudar para um concurso, ou ter que morar num lugar onde não se sente confortável, esses momentos são preparatórios para uma transformação maior, ou menor, pois tudo reflete nossas escolhas, nossos caminhos. A vida não é um lugar para ser totalmente feliz, nem tampouco estar em constante dor, mas uma grande escola onde todos somos alunos, uns mais aplicados do que os outros, entretanto todos possuem seu potencial para crescimento, e para destruição, cabe a cada aprendiz escolher em qual classe irá se matricular, e como será seu desempenho nas provas humanas. Estamos todos em preparação para o grande vestibular que acontecerá no momento da morte, na hora que atravessarmos o grande portal para uma nova existência, para o grande encontro.

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Senhoras

Canta Circe, rainha de Eia, diz dos caminhos amarelos, a linhagem do sol na Cólquida reinou, o solo floresceu e Medéia nasceu, sob o signo das Bondosas.

Meu Grão-amado das lendas dos touros brancos, olhei e vi: o templo carmim no seio do Parnasu. Ao ceifador todas as cabeças curvam-se, divinas e humanas.

Circe, a antiga terra de seus antepassados o fogo nos roubou, desabrigados ficamos vegetando nas praias de Caronte, sem moedas, somente nossos antigos olhos.

Canta Medéia, do carro de dragões, vem e leva-nos aos Elíseos.Imagem

Quem teme Saturno?

Saturno, na mitologia foi um Titã, filho da Gaia, a Terra, e de Urano, o Céu. Era o mais jovem de seus irmãos, também titãs, os do sexo masculino, e titânides, as do sexo feminino; foi o único que foi poupado da fúria libidinosa de seu pai, que estava sempre a copular com a mãe, impedindo seus filhos de nascerem. É o castrador, pois foi ele quem com a foice dada por Gaia extirpou o membro viril de seu pai, dando a oportunidade de seus irmãos, forças da natureza, de verem a luz do dia. Deste momento em diante, até o nascimento de Zeus, ele se tornou o senhor do Olimpo, o Pai do Tempo, e como o tal o grande castrador, o cobrador voraz, dizem que para evolução, mas não estou bem certo disto. Estou fazendo paralelo de Saturno a partir da lenda de Cronos, seu equivalente grego e assimilado pelos romanos; dizem que era mais ameno, e seu reinado conhecido como idade de ouro, as saturninas eram festas em sua homenagem e comemoradas até hoje com uma roupagem católica apostólica romana.

Cronos mutilando Urano, seu pai.

Bem, voltemos ao aspecto nefasto de Saturno, este que pode entravar, é também aquele que diz não, que te deixa inseguro em seus caminhos. E estou dentro deste mito para falar um pouco de mim, como me sinto neste momento; preso, amuado, esperando por algo que não é muito palpável.

Meus dias resumem-se a isto, uma espera, um desejo que há muito venho acalentando, de me transformar, de ir para outro lugar, de recomeçar, ser feliz; mas parece tão distante, e a nostalgia de tempos que não eram tão bons assim teima em me assolar, não quero jamais tornar-me uma pessoa chata e saudosa, que está sempre com a cabeça voltada para trás. Não eu quero olhar para frente, não guardar mágoas, ver uma perspectiva diferente, ter fé no ser humano, apesar do que acontece, das dificuldades, das traições, eu só quero amar e ser amado, e não um amor de carnalidades, mas um amor descompromissado. Amor este vindo de meus amigos, colegas, e quem sabe alguma paixão, e não sentir o que sinto, a solidão, a desolação, a falta de fé nas pessoas, que por muitas vezes me atingem de uma maneira insuportável como agora. Esta vontade de fugir, esta vontade de ser eu mesmo tem acabado comigo, e com minhas esperanças. Eu tenho odiado Saturno pelo que ele tem feito comigo, enquanto tudo pode ser fácil para muitos, para mim tem que ser arrastado, traiçoeiro, eu não quero mais isto; não quero mais olhares nefastos, como se eu fosse um usurpador infeliz que quer pegar o lugar de alguém, claro que não, eu conquisto meu espaço com muita luta e dedicação, entretanto parece que estou carregando um peso do tamanho do que Atlas carrega até hoje, e hoje sábado, Saturday, dia de Saturno as coisas ficam ainda mais pesadas, ainda mais complicadas e meu pensamento se enevoa.

Um pouco de loucura sempre é bom, gostaria de ser como certas pessoas que conseguem desapegar, soltar tudo e partir para outra coisa, mas teço amarras com minhas próprias mãos e não me permito fazer o que meu coração quer porque novamente vem a porta o cobrador, aquele que como o olho de Sauron está sobre meus passos vigiando esperando para me castrar sem piedade, sem compaixão, eu não entendo muita coisa, a começar por estas dificuldades, acredito até que o mundo é simples, e todos deveríamos nos guiar pela máxima de que vamos morrer brevemente, então porque tanto barulho por nada? Se alguém souber a resposta fique a vontade para comentar. Hoje estou peculiarmente nostálgico como só eu sei ser, e esta nostalgia cresce como uma dor, uma vontade de construir uma máquina do tempo e retornar para certos momentos felizes, não para mudá-los, e sim para vivê-los de novo, e de novo e de novo, pois agora a dor está grande, e preciso de um refrigério, só um tempo…

P.S.: estou ótimo, o anjo triste, como diria Renato Russo, se foi, e o sol voltou a brilhar. Pelo menos rendeu um post. Beijos, ótimo domingo, o que seria dos dias ensolarados, se não fossem as tempestades???

A leveza

A leveza é uma qualidade que pode ser desenvolvida até o ponto em que se torne uma qualidade inerente. Em qualquer situação ser leve é imprescindível, deixe ser, deixe queimar, a quem de direito os meios para transformar as situações. Cabeça fria, pensamentos leves ajudam mais que perturbações desnecessárias e perdas de tempo, e energia.

Nossos irmãos orientais parecem ser peritos nesta qualidade que acredito ter relações com a virtude da paciência, quem a têm é infinitamente mais leve, descomplicada e mais aberta, fora de seu mundinho particular.

Lógico que não é fácil, se fosse todos seriam leves, uma legião de plumas ao vento; é complicado, e tudo atua contra, e quase nada a favor. São situações estressantes do trabalho, aquele imbecil do trânsito, os desonestos das filas do cotidiano. No fim desenvolver um modo mais leve de viver pode constituir-se um desafio, entretanto quando estivermos no olho do furacão com tudo desmoronando, e por dentro nirvana inteiro interior tudo vai ter valido muito a pena.

O manto

Quando ele deu-lhe a notícia fatídica a tarde mudou; a ventania tomou conta do ar com tanta violência que quase arrebatava as árvores num bailado macabro.

Em seus olhos, a expressão de horror que vai da incredulidade ao desespero em fração de segundos. A vida não era mais a mesma, o canto dos pássaros deram lugar ao revoar assustado de animais cegos pela dor, um a um, caiam do céu para a morte certa nos pátios do palácio.

O arco-íris, outrora lindo, e símbolo da potência mística, partiu-se em milhões de pedacinhos de cristais em seu ponto mais alto de seu arco, e a luz da estrela púrpura não era mais a luz brilhante e pulsante de antes daquelas palavras.

A sua frente estava o homem a quem jurou amar para todo o sempre, e proteger com afinco. Era seu esposo, seu amigo, e amante; era seu prometido de longas eras, e confirmado pelos doze anciãos. Suas bodas foram as mais lindas e festejadas de todo o reino, e seu casamento o mais perfeito.

A rainha das rainhas, a senhora da Torre Púrpura estava ali reduzida a nada, e seu destino seria o pior de todos os filhos do carmesim.

Seus olhos enxergavam além daquela cena, além daquelas palavras tão executoras, suas carnes tremiam ao ver nas mãos do amado algo pior que a própria morte: o manto dos peregrinos.

A mata

Ouvi de uma amiga de longa data que ouviu de uma professora a seguinte frase: “A floresta é lar”, achei linda a frase, fantástica, e reflete muito o sentimento que tenho em meu coração de retornar para minhas matas, para o aconchego que tanto faz-me falta.

O exílio tem sido para mim um grande aprendizado, digo exílio pois me foi imposto pela vida, e por todas as circunstâncias do fado, que eu me conserve onde estou longe de minha terra, de meu pedacinho de chão que tanto faz falta ao meu ser, deixando-me incompleto; claro que ninguém pode entender o que sinto, pois as vezes nem eu mesmo entendo, que sentimento é este?

Lá será melhor, lá tudo passará, lá o solo brilhará como não brilha há muito tempo, lá não haverá pessoas ruins, o que é ledo engano. Gente ruim tem em todo lugar, trevas também; o que muda é o que somos por dentro, é o que trazemos em nossos corações, em nossas almas, somos praticamente o espelho de nossa realidade. Se tentarmos ver além do que a fina casca quer nos mostrar tudo pode mudar, ser transformado, porém se nos perdermos dentro de nossa autocomplacência e lamurias não sairemos jamais do lugar; nem tampouco alcançaremos o lugar devido, ou almejado.

Digo que sou pleno, mas como ser pleno se a cada dificuldade minha mente viaja, e vai deitar-se na beira rio da bela Amazônia?

“Esta donzela de fartos seios, e nenhuma malícia, onde todos querem se perder por entre os crespos de seus cabelos folhosos, e o arenoso de seu dorso escondido pelas águas dos igarapés, doce mãe, belíssima senhora afaga meus cabelos e acalenta meu coração, pois este está inquieto com tantas provações, por tantas desaprovações, mãezinha espera que teu filho um dia volta, antes do fim para ser feliz uma vez mais…”

Eu realmente não sei a resposta para tantas perguntas neste turbilhão que  são meus pensamentos e escolhas.

Não posso mal dizer tudo o que já vivi, pois tudo foi escolha, ninguém impôs nada; o caminho que segui me trouxe muitos desafios, e o sonho que mais acalento parece estar cada dia mais distante e fica mais amargo meus dias, nem incomoda as pequenas maldades humanas, e mesquinharias, não, como insetos a picarem uma carne morta ansiando o jazigo; eu sou como um peixe na beira da praia esperando pelas águas do mar, nesta condição esperança já não importa, nada importa a não ser receber um pingo que seja da água esperada, ou pelo menos a promessa de que um dia estas nuvens irão embora, esses fantasmas serão dissipados, e meu nirvana se descortinará.

No fim meu coração não quer mais do que todos os outros querem: paz!, enfim um pequeno refrigério, que Saturno vá embora e leve com ele sua foice tão amarga e necessária, porém dolorosa, chega de dores, chega de viver de longe com espectador, pois dentro da arena o leão rugi, e a plateia aplaude sua derrocada, não há amigos, nunca houve camaradas, apenas almas afins que podem trocas experiências; assim como nunca houve família, sou eu contra o mundo. A luta é interior, e o exterior é apenas ilusão, ilusão que passará com o amanhã informado.

Diz uma canção gospel: “o choro pode durar uma noite…”, esta noite pode ser uma vida inteira, e o “… mas a alegria, ela vem de manhã, bem cedo”, pode vir com o fim desta noite, desta vida, assim é a vida, como loucos estamos sempre a correr perseguindo uma felicidade ilusória, destruindo nossos irmãos por coisas que no fim não nos servirão de nada, pois morremos nus, sozinhos e na decadência, todo o ser humano já existe para esta sina, não há como escapar, por isto a expressão Memento mori, para lembrar que um dia a mais democrática das situações chegará, e todos voltaremos à lama, sim, porque para ser pó, primeiro seremos lama, estaremos envoltos pelos vermes, e algumas pessoas chorarão nossa perda por um tempo ínfimo se comparado com o mundo e depois cairemos no esquecimento relativo. Isto é fato, e deveria ser veneno fatal contra o ego, a cobiça, a safadeza, a rudeza, e todas essas coisas pequenas que perdemos tempo no nosso dia a dia quando nos esquecemos que a senhora Morte baterá em nossas portas tão tarde, ou tão cedo.

Hoje a dor está rondando meu peito, o dia está nublado, lembro que quando pequeno adorava os dias nublados, mas com eles vinham também os medos, as angustias, e os pesadelos; hoje ainda estão a rondar, com nomes diferentes, mas continuam a incomodar, e a querer levar o pouco de dignidade que tento conservar, o pouco de lucidez, e fé. Se consigo superar? não sei!, só sei que tenho que tentar, tenho que viver, nunca fui covarde, e não vou começar de agora, e tenho sempre o propósito firme em saber que sempre posso recomeçar de onde estiver, um dia quem sabe voltarei para minha pátria, para o meu lugar onde ninguém me olhe torto, ou ache-me um usurpador como já aconteceu, acontece e acontecerá; talvez eu reveja meu amigos antigos, mas não é tanto meu desejo, meu desejo é só entrar na mata, passear pelas clareiras, tomar banhos nos rios, deitar na copa das árvores, correr pelado por entre os capins, contemplar as mucuras, pacas e preás; ser quem eu deixei de ser há muito tempo, estar de volta com forças que deixei para trás, comer biribá do pé, e cheira o cupuaçú; não importar-me com a maldade alheia, ó espíritos, permiti que meu sonho se realize, permiti que eu volte triunfante para meu berço, e perdoe-me toda a soberba deste pobre coitado, pois sou filho pródigo, e à casa/mata quero retornar…

O nascimento do cuidado.

A semana de enfermagem está chegando, e pensando numa performance escrevi o texto abaixo, tento viver desta maneira na minha vida. A semana da Enfermagem é um período de homenagens a essas alvas pessoas que estão por aí, vestidas de branco e ajudando todos os necessitados, doando seus serviços e seus emocional para quem precisa.

Se tudo correr bem em maio postarei fotos sobre a apresentação performática (com adaptação lógico!). Desejem-me sorte. E meditem sobre nestas linhas sobre o nascimento do cuidado. Há um outro texto sobre chamado Mito do Cuidado igualmente lindo. Meditei muito sobre quais qualidades seriam essenciais para cuidadores e resolvi escrever a minha versão sobre o que seria a essência do cuidado.

Deusa Mãe Criadora

O NASCIMENTO DO CUIDADO

Por: AULELIANO ADONIAS DOS SANTOS

No princípio das coisas, na aurora do mundo, a Divina Mãe da Criação desceu dos céus, e observou os recém-criados homens e mulheres.

Viu com dor em seu coração que suas criaturas estavam desamparadas, e sujeitas a todos os males e dores.

Naquele instante, a grande Mãe resolveu que o homem deveria ter alguém que os protegesse e amparasse em suas agonias.

Cheia de carinho pelos seus filhos, a Deusa voou ao mais alto monte do mundo, e da neve mais pura e alva, colheu um punhado, e nele moldou uma criatura alvíssima e reluzente.

E todos os anjos e espíritos de luz vieram para contemplar a criação daquele que haveria de cuidar da humanidade. E foi-lhe dado o nome de Cuidado.

Porém, Cuidado apenas brilhava, um brilho ofuscante que não permitia a nenhum ser humano se aproximar dele; além disso era feito de neve, e o frio sempre estava ao seu redor. E os filhos da Deusa continuavam sofrendo com as enfermidades mundo afora.

A Deusa então viu que algo faltava para que Cuidado pudesse cuidar realmente das pessoas. E na presença dos espíritos mais iluminados do universo, a Eterna Mãe convocou sua criatura, e a ela deu-lhe presentes para que pudesse trabalhar na seara.

Para ter vontade de ajudar os seus semelhantes foi-lhe dado o manto do amor, para aquecer as almas que dele se aproximarem.

Contudo, apenas o amor não seria suficiente, pois amor sem obras é morto, e sem identificação nada realiza, então, para guiar seus pés ao trabalho a compaixão se tornou suas sandálias. Com a compaixão o Cuidado pôde finalmente compreender o outro, ter empatia e se compadecer da dor alheia, e com amor ajudá-lo.

Entretanto algo faltava, e era importante, pois somente o amor não seria suficiente, nem a compaixão poderia sustentar os passo dele por muito tempo. Foi neste instante que a Divina Criadora deu-lhe o maior presente: a misericórdia!

Estava completa a armadura do Cuidado, com a misericórdia que significa amor mais perdão, ele poderia cuidar de todas as pessoas perdoando todos as pequenas ofensas, as ingratidões, e perdoar a si mesmo quando algo não der certo.

E falou mais a Grande Mãe, que os filhos do Cuidado seriam numerosos, e até o fim dos tempos teriam a missão de cuidar de todos os seres humanos, com amor, compaixão e misericórdia sempre com suas vestes brancas como a neve.

Cheiro de Mãezinha

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Cheirinho de mãe é muito bom. Aliás, mãe é tudo de bom, e quando crescemos fica melhor, o papo, as ideias e sintomas só ficam mais afinadas e apuradas. Quem ainda não conseguiu ser amigo da sua na vida adulta bom sujeito não é!

Ter este ser que se torna mais fascinante a cada dia a cada ciclo é algo que só quem tem sabe. Ela sempre estará fazendo alguma coisa prática. A propósito amor materno é o que mais se traduz  em evidências, em cada comidinha, arrumação, ligação preocupada com o bem estar. Esta é sua mãezinha, ela te observa de longe, torce por você e sempre estará disposta a te amparar caso você tropece.

Salva raríssimas exceções as matriarcas sempre carregam com divinismo esta missão e sempre estarão por perto com seu cheirinho inconfundível de carinho.

Coragem

O quê é a coragem? Bravura para enfrentar os obstáculos, e seus medos, disposição para levantar todos os dias, e enfrentar o mundo cão, ou nada temer? Depende muito do ponto de vista de cada corajoso que se dispõe a enfrentar qualquer que seja a razão que mine sua vontade.

Os grandes heróis da antiguidade tinham na bravura sua coragem para enfrentar todos os desafios que os levaram a imortalidade através das lendas.

Hoje o homem comum levanta todos os dias na esperança de transformação de uma situação, e para tanto sua disposição pode estar na obrigatoriedade do pagamento das contas no final do mês.

Qualquer que seja a razão para o nascimento da coragem ela é vital para o movimento da roda da fortuna do mundo, e está fundamentada na vontade, não basta querer tê-la, o desejo deve ser seu fundamento principal, um ponto de partida, o mundo gira empurrado pelos corajosos.

A pressa

Doutor Claus desceu as escadas afobado, arrumando o colarinho e ao mesmo tempo em que tentava manter junto de si a maleta de instrumentos.

Era uma segunda-feira como apenas elas sabiam ser: muitos pacientes acumulados para atender, e roupas amarrotadas pela pressa usual.

Passou pela porta, portão, e cruzou a pequena praça como um raio em direção ao consultório. Chegou, cumprimentou seus aguardados, olhou feio para a secretária, muitos encaixados, não sairia antes do anoitecer, nem tampouco teria almoço.

Revirou os prontuários, tomou ar, chamou o primeiro paciente, respirou fundo, abriu a maleta, e caos: Esquecera o estetoscópio!!!

Caminhando na 7

Avenida Sete de Setembro na década de 70

Caminhar pode ser o remédio para os que sofrem, cada passo vem a servir de apaziguador de um coração cansado. O início da jornada deu-se nas margens do Rio Madeira, encaminhando-se por entre os restos da Maria Fumaça, atravessando os portões, e pisando a Avenida Sete de Setembro, o edifício do relógio, o clube ferroviário, e avistando a agência Central dos Correios, penetrando na antiga praça do Baú (ninguém usa sua verdadeira nomenclatura).

Nas calçadas do centro comercial todos atrás de promoções do bom e barato.

Sempre cheio, o charmoso Cine Brasil, com sua convidativa entrada de dois reais.

Subindo pelas calçadas uma nova praça antiga, reformada, um bom tacacá de baiana em pleno norte. Continuando a caminhada bancos, lojas, magazines, e outros estabelecimentos, ônibus coalham como glóbulos vermelhos pela corrente sanguínea que é a avenida principal da flor do Madeira.

No fim da viagem a antiga rodoviária, símbolo de muitas viagens, muitas partidas, e inúmeras chegadas; muitos vão e outros voltam. Alguns decepcionados por não terem achado o que vieram buscar, outros tristes por não querer ir, e outros felizes voltando para seu berço.

A menina do rio

E foi na margem do Luges que a menina agachava-se, e punha-se a lavar seus trapos, uns andrajos de tecido que não podiam de maneira alguma ser chamados de roupas. O  sol, seu antagonista queimava sua pele sem viço acentuando mais sua marcas de vida. Os mosquitos implacáveis eram perseguidores vorazes, seu sangue era alimento predileto dos sugadores.

Ia sabão, torcia roupa, e a água que mais suja do que limpa, levava embora as espumas como lembranças que se esvaiam do suor impregnado das roupas. Nenhum detergente poderia mascarar o cheiro da miséria, o odor do sofrimento, das humilhações dos que teimavam em viver por um punhado de moedas, e umas cuias de farinha.  Se existia alguma riqueza na vida dos trabalhadores da Vila São Pedro, eram as crianças,  essas viviam a sorrir e correr pelos campos secos que a ausência de chuva e a ventania constante moldava e desolava.

Um espírito coletivo parecia ter se apossado dos moradores suplantando as personalidades, e substituindo-as por um ego melancólico de uma época passada de fartura e umidade, quando o rio não era barrento, e o vento não destruíra as cabanas. Ali tantas eram as Marias como as estrelas do céu, cada menina que nascia devia ter o mesmo nome como um clamor para alívio da dor dos sãopedrenses, um grito de clamor a grande mãe do céu.

As cantigas da velha Quinha , anciã-mor da vila ecoavam pelo riacho afora saiam de uma garganta seca, e sofrida que não reclamava mais , nem acalentava falsos sonhos de mudanças para seus filhos, ali era um dia de cada vez . Uma dificuldade por etapa, como Heracles e seus trabalhos, sempre multiplicando-se por doze até o infinito de uma vida simples porém cheia de dignidade de um povo grande de alma e de valores. O governo local corrupto levava os poucos recursos da população, entretanto não levara a firmeza de caráter, nem tampouco a vontade forte de querer vencer cada barreira, com a força da resignação e responsabilidade.

As roupas limpas, e levemente tingidas pelo tom barroso do rio seriam estendidas nos varais dos mil morros de Vila São Pedro, as próprias teriam que lutar com unhas, e dentes contra o vento violento e cortante para não se perder por entre as pedras da planície do pó.

Levantava-se e ajeitando seu corpo descarnado, de volta para seu barraco, enfim um trabalho estava encerrado, mil desafios já se avizinhavam com o avançar das horas no céu de intensa luz.

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EMAJPE e eu

A memória é nosso maior legado, e respeitar este legado é o mínimo que se pode fazer. Aprendi muito com a vida, e durante algum tempo fui aluno da Escola Municipal de Artes João Pernambuco, um verdadeiro santuário das artes em geral que agora está ameaçado. Alunos, funcionários e a sociedade em geral devem unir forças para não permitir que um celeiro de talentos como é a EMAJPE seja extinto.

Não estamos falando de mais um conservatório, mas sim da única escola municipal de artes do nordeste! Oferece gratuitamente cursos nas áreas de música, danças, teatro, e outras oficinas expressivas, além de promover periodicamente um festival tradicional de mostras artísticas dos próprios alunos. Além dos cursos os alunos têm merenda em todos os turnos, e biblioteca.

Agora eis que nesta atual administração pública os funcionários estão sendo convocados ao setor de lotação da prefeitura para serem realocados em outros lugares, e o futuro da instituição é incerto. Trocando em miúdos querem fechar a escola, o absurdo está justamente em querer encerrar as atividades de local que só bem trouxe à sociedade, com professores qualificados, comprometidos com o que ensinam, e alunos ávidos por expressarem-se através das artes, que creio ser o dom máximo da humanidade e reflexo da alma.

Uma gestão de respeito não fecha escola, ela reforma, e a EMAJPE precisa de investimento, de uma reforma completa, reestruturação do teatro e apoio. Toda a comunidade da Escola de Artes João Pernambuco sempre fez muito com pouquíssimos recursos, sempre formou artista engajados, sensíveis e cidadãos comprometidos.

Posso apenas falar sobre minha experiência de vida, e o período em que fui aluno da escola sempre fui muito bem tratado, aprendi valores, e a amar o teatro, por motivos de trabalho não pude continuar com meus estudos, mas sempre alimentei em meu íntimo o sonho de voltar a ser aluno, o sonho de reencontrar as minha queridas professoras que tanto amor e dedicação tiveram por mim, e sou grato. Hoje estou muito longe de Recife e não poderei participar da manifestação em prol da escola, mas em coração estarei com todos os meus amigos que não aceitam mais este mal feito da administração municipal, a EMAJPE é uma escola, e como tal deve permanecer sob os cuidados da Secretaria Municipal de Educação de Recife, entretanto não é só estar vinculado, mas ser cuidada, avaliada, reestruturada e mantida. Temos que mudar esta mentalidade pequena, e dar valor as tradições, ao que é bom.

Dentro das possibilidades avultadas, cogita-se que a mesma possa ser mantida por algum departamento da UFPE, entretanto acredito que se assim for representaria uma desvirtuação, pois não seria mais a EMAJPE, sabe-se lá que nome teria; o foco não é este, mas sim a tomada da responsabilidade por quem de direito, este jogo de toma que o filho é teu não é coisa de pessoas sérias, quiçá de governo que é de onde deve vir uma conduta ilibada.

Sou muito grato por tudo o que esta casa representa para mim, e espero um dia poder voltar a ser um aluno, e espero que ela ainda esteja lá, linda e humilde esperando-me de braços abertos como sempre.

Ajude a salvar a EMAJPE, clique aqui e assine ao abaixo assinado.

Vamos refletir um pouco Enfermagem?

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Resolvi escrever um pouco sobre minhas impressões acerca de minha recente profissão, visto que frequentemente ouço de colegas o quanto estão insatisfeitos profissionalmente. Lógico que a seara da saúde, assim como a da educação, são áreas geralmente negligenciadas tanto pelo poder público, quanto pelo setor privado.

A dificuldade do estado em forncecer o básico da sáude, e a comercialização horrorosa por parte dos hospitais privados (que em muitos casos assemelham-se a hotéis de luxo) relega ao paciente, ora usuário, ora cliente (evidenciando uma relação de consumo), um martírio desnecessário aos que sofrem buscando conforto, auxílio e respeito.

No meio disto tudo está a Enfermagem, aquela prefissão que fica constantemente ao lado do paciente, que é responsável por todos os cuidados prescritos, e a segurança do mesmo. Somos a grande mão de obra da saúde, temos competência, disposição, contudo não somos valorizados, não recebemos salários condizentes, para não usar termo pior. Somados os outros departamentos da vida pessoal está montada uma boma-relógio! Sim, pois muitas vezes o salário não cobre todas as despesas, as horas trabalhadas via de regra são excessivas, as condições de trabalho são quase inexistentes em alguns rincões do Brasil, e para coroar o quadro não é raro estarmos presos a relações de trabalho entremeadas de antigos preconceitos arraigados na cultura da população.

Somos obrigado a lidar com conflitos intermináveis, dentro e fora da classe dos cuidadores. O tão popular “puxar o tapete”, “a trairagem comendo no centro”. Contudo qual é a razão? Porque temos que repetir padrões de comportamento inadequados? Não podemos ser cordiais com os colegas? Acaso todos não possuem seu lugar ao Sol? Entendo que é até complicado para quem não é da área entender o que estou dizendo. Os mais sensíveis, os que trazem dentro de si a vontade de fazer algo pelo mundo deparam-se no primeiro emprego com o famoso “É assim mesmo!” ou “Aqui a gente faz é assim!”, como consequência sentem-se como se estivessem atados, aqueles que são olhados torto pelos colegas por serem do contra, ou por outro lado podem acovardarem-se por medo de perder o emprego gerando indivíduos que temem se posicionar, impor suas necessidades e anseios.

Caros colegas, pensando bem, não precisamos ir muito longe, façam uma enquete com seus amigos  enfermeiros, veja se estão satisfeitos com o oferecido pela profissão; acredito que a resposta não será tão reveladora. Está aí para quem quiser ver, viver, basta ter olhos e crítica. A maior categoria da área da saúde não consegue ter uma bancada no governo! Como assim? Será que não seria melhor pegar o tempo gasto com mesquinharias e arregaçar as mangas para mudar? “Ah, seria bom se alguém fizesse alguma coisa!”. Oi? Esse alguém somos nós, você, eu, juntos por uma saúde melhor, uma classe mais unida e realizada. Se somos cuidadores, e artistas neste ofício, porque cargas d’águas não começamos a cuidar de nossos irmãos enfermeiros e enfermeiras, técnicos e de nível superior (sim, pois essa história de chefe é ridícula, quem têm chefe é índio)? Precisamos de um conceito amplo de equipe novo, que resignifique toda nossa realidade. O cuidado deve ser sincero, pois amanhã estaremos doentes também, exauridos pelo serviço em demasia, estresse elevado e remuneração pífia.

Estou praticamente recém-formado e o que mais escuto de colegas meu redor forma um coro de reclamações. A maioria conta histórias tenebrosas, e totalmente desnecessárias. Para continuar, levantar e ir trabalhar precisamos reunir forças de nossas convicções e sonhos para continuar. Temos que olhar o paciente, aquele que tanto precisa, e vem ao nosso encontro ansiando nosso acolhimento, nosso cuidado com compromisso acima de nossas dificuldades de classe e insatisfações trabalhistas. Não devemos perder a motivação, não temos que aceitar tudo isto que está aí posto. Vamos mobilizar o nosso interior primeiro. revendo nossos princípios e o que levou-nos a escolher a Enfermagem. Devemos erguer a cabeça, sacudir as más impressões e cuidar com arte, que é a verdadeira essência de nossa profissão.

 

A fuga

Janela da alma

A janela aberta permitia a entrada de uma brisa marota pelo cômodo abafado e minúsculo. Espalhado na cama, Benjamin, espreguiça-se demoradamente entre os travesseiros e almofadas de sua ampla cama, tão ampla que cobria mais da metade do espaço do lugar, competindo com o guarda-roupas velho de madeira escura. Para o trânsito restava duas frestas diminutas; uma entre o janelão e a porta formando um corredor, do lado direito a cama, e do esquerdo o roupeiro, restando ainda um vãozinho aos pés da cama de onde projetava-se o janelão, única razão de ser daquele lugar, pois sem a janela seria insuportável existir ali.

Seu mundo resumia-se naquela dimensão de paredes descascantes, e cantos mofados. Calor, umidade, barulho, nada abafava seu maior passatempo: o sono! A fome, e a dor não eram razão para não dormir. Uma outra realidade era descortinada ao fechar seus olhos. A vigília doía, e o despertar era um longo e traumatizante parto complicado, entretanto, seus sonhos eram produtos resultantes de uma fuga quase perfeita de toda aquela miséria, exceto o janelão, que era seu maior tesouro. Poderia ter um cachorro, seria legal, mas o espaço era seu inimigo, tinha todo o tempo do mundo, recompensa dos desocupados forçados.

Suas manhãs eram uma sucessão de decepções, muitas portas, muito chão e nenhum sim, nenhum sorriso ou aprovação, nada de trabalho.

O resto dos seus dias eram reservados para suas aventuras no mundo onírico. Certa feita, por descuido, encontrou um livro antigo deixado num banco de praça, folheando-o desinteressadamente, deteu-se num pequeno poema, uma frase que dizia: “O sono é uma morte menor”(…). Não pode conter o riso irônico. Tantas palavras, letras, e pessoas rumando de uma lado para outro mergulhadas em seus pensamentos, em suas doses, e desejos, não teriam eles tempo para estender a mão e tirá-lo de seu abismo, desta dificuldade que chamamos de vida; cabisbaixo começou a sentir o peso da mão de Morfeu, olhou para o céu daquele dia quente de verão, e abandonou o livro aí e rumou para sua casa morrer uma vez mais…

Deusa Mãe

Rio Madeira

Na margem vi resplandecer uma imensidade de raios solares, o rio Madeira era o espelho refletindo um segundo Sol ondulante nas águas impenetráveis do leito sinuoso. Leito revoltado rebentado com fúria nos imponentes barrancos, “água mole em pedra dura…”. Barranco cai, barranco vai, leva uma margem aqui, ceifa uma vida acolá, é a natureza seguindo seu curso mostrando ao homem que ele nada pode contra os desígnios do fado. As moiras são três índias a tecer uma rede de pesca, mil possibilidades em cada trançado, cada nó representa um passo a mais na direção do inevitável, do fim. O caudaloso rio excita-se com o assédio das chuvas teimosas.

TaraA rainha dessas águas é a mãe D’Água no profundo das correntezas abissais Eurínome e Ofion fundem-se numa dança da vida geradora e nutriz dos filhos desta terra e imperatriz do reino dourado submerso com seu séquito de botos, iaras e encantadas. No horizonte o céu e o rio fundem-se formando o divino o novo, o mistério de nossa existência testemunha de nossa condição de filhos pródigos amaldiçoados por Mnemosine, destituídos de nossas lembranças do tempo das fábulas.Eurinome e Ofíon

Mãezinha de ouro e prata, temos medo de teus candirus, porém não tememos os verdadeiros inimigos de nossa evolução, não sabemos reconhecer a tua face refletida no céu numa noite de lua cheia, nossos ouvidos estão cerrados para o coro melódico das estrelinhas em sua homenagem, não reconhecemos mais a força incontrolável de entranhas, de teu ventre fértil. Não respeitamos mais os espíritos das matas, e destruímos suas moradas.

Santa Mãe do Rio, como podes em teu peito, ainda nutrir afeto por esses teus filhos degredados? Pergunto isto, e sinto teu manto aconchegante, e protetor pousar em meus ombros. O bom filho amazônico reconhece o toque da sua mãe, Deusa da Misericórdia e da Piedade, Senhora das Tempestades, dos nascimentos e das mortes, eterna tríplice, Deusa.

Pretensos drops

Religião é para ser vivida.

Religião não deve ser discutida.

As maiores mazelas da humanidade encontram origens no fanatismo de sociedades inteiras, bandeiras erguidas e em nome da fé dizimam-se grupos, minorias, totalmente em oposição com a mensagem de amor que as mesmas apregoam.

Religião não precisa ser usada como escudo, nem tampouco como espada. Não é motivo para começar a sair pelo mundo como arauto de novos tempos, ou fim deles.

Dentro de cada um há livre escolha que pode ser utilizada para o bem de si mesmo acima de tudo, e em seguida ao outro, entretanto quando a minha “verdade” se torna maior que a do outro o problema está instalado.

Então, vamos procurar roupas para lavar, mães para cuidar, pois cada um possui seu tempo, e quem realmente quer ou precisa desse religare vai atrás, e procura querer conhecer aquela linha que mais preenche as suas necessidades.

Santos homofóbicos?

Até onde podemos determinar o caráter de uma pessoa por seus atos? Sim, quero abordar este assunto, pois a admiração de uma amiga por certa figura pública polêmica por sua fala contra os homoafetivos, e sua defesa contra a criminalização da homofobia  causou-me total estranhamento e até asco.

A figura em questão é fervoroso religioso que têm uma ojeriza homérica contra os homoafetivos. É um homofóbico clássico, e com agravantes, pois como líder cristão a palavra dele é levada em consideração por uma massa de seguidores, e pessoas assim não diferem muito de Hitler. Porém, o que quero abordar é a conduta dele em outras áreas como minha amiga mesmo falou, tipo, ele é uma ótima pessoa, e tem uma conduta ética irretocável! Não entendo o que seria uma conduta ética irretocável, visto que o mesmo ataca a iniciativa de criminalização da homofobia, é claro, seu esporte favorito que é atacar a comunidade LGBT estaria prejudicado.

Até que ponto comportamentos como o deste senhor terão que ser engolidos por nós? Os homoafetivos ainda terão que enfrentar muitas dificuldades em suas vidas, e não acredito de maneira alguma que a homofobia seja erradicada algum dia, não acredito em utopias. Porém o respeito todos querem, e a ordem deve ser perseguida por todos nós, e para isto que existem as leis, para que todos tenhamos respeito pelo espaço dos outros sem causar distúrbios. Ir contra isto só pelo simples fato que estariam revogados seus hábitos ruins é nó mínimo mesquinho, e desculpe minha amiga, mas esta pessoa não é nunca será uma exemplo de ética.

Sabe aquele seu amigo, que se diz muito amigo, mas não  perde a oportunidade de perguntar se você não quer experimentar ser hétero? Bom, novamente perdoe-me leitor, ele não é seu amigo de verdade. É este raciocínio que sigo em minhas relações e até agora não errei, não tem esse negócio de aceitar o pecador e não o pecado. É muita presunção uma pessoa proferir isto, é muita nojeira! Ser gay não define ninguém, entretanto faz parte da pessoa e reflete sua maneria de lidar com o mundo emocionalmente, e só diz respeito a quem divide sua cama e seus desejos, a ninguém mais; pensando assim cai por terra a expressão sair do armário! Como? Já viu algum hétero sair do armário?

Após o exposto pergunto: um homofóbico pode ser uma boa pessoa?

Vanuza e E. Ou: memórias de uma paixão azeda

Ele era rio, sua alma abrigava águas profundas, de correntezas e irremediavelmente turvas.

Ele era um homem; homem bonito, altivo e mesmo assim comum, porém de um comum arrebatador, desde que parece inteligível apenas quando estamos apaixonados, se for possível ter clareza racional estando apaixonado.

Ele, ele, ele. Um moreno de olhar perfeito para uma morena baixinha como eu. Esse amor bandido, longe dos olhos da família eramos Bonnie & Clyde soft, entretanto não tão soft que não tenha deixado suas marcas nas minha vida, como uma escuridão densa, palpável e angustiante. Com ele foram-se as pétalas de minha inocência tardia…

Era sensual, não nego, totalmente exalante de sensualidade que engolfava a mim tornando-me também sensual. Durante um tempo sonhei ser Psiquê, e ele meu Eros, porém realmente eramos Yn/Yang, ambos com energias tão distintas e antagônicas que só poderiam resultar em uma repelência entre nós mais cedo ou mais tarde. Foi um estranho caso de antagonismo e tesão irrefreável. O famoso morde assopra encontrava sua definição claríssima em nossa maneira de conduzir a sinfonia de nosso “relacionamento”, assim mesmo com quantas aspas o leitor(a) quiser dispor…!

Era a miséria, o egoísmo, e o ressentimento os filhos desse enlace. Cada gota de porra, cada orgasmo foi pago com suores de sangue. Nada de bom sobrou desta época estéril de minha vida, e já tive minha cota de tragédias suficientes para uma jovem inteligente que sou – entretanto talvez não tão esperta ou velhaca para perceber certas sanguessugas humanas.

Ele era lindo, bem servido – se é que me entende, másculo e muito bom de cama, do tipo que vira a gente do avesso, joga na parede e faz chover estrelas – de cabeça pra baixo!!! Uiiiii!!! Ele também era um completo canalha, e egocêntrico, o tipo que precisaria de umas quatro vidas para começar a mudar. Era tudo isto, e foi o amor escondido que consumia muito do meu ser. É, ele, tudo era ele, o resumo da existência tinha seu nome como título; um vampiro, safado… e todos os adjetivos que outros recalcados, com dores de cotovelo ou madalenas arrependidas que querem apagar o passado, usam para definir seus “falecidos”.

Em resumo, nunca interessou-me olhos verdes, cabelos loiros lisos e pele com sardas. Ao meu gosto apetece mais a morenice deliciosa, e ele foi tudo isto, e foi sem morto estar, pois a essa altura do meu caminho esse fantasma já está bem exorcizado e enterrado com diversas pás de cal; contudo não sem antes me lascar um pouquinho, é mulher que nunca emburreceu por um macho bruto não possui realmente uma história saborosa para contar.

Brincando com o PhotoScape

Descobri sem querer este programa e logo de cara fui conquistado, e estou apaixonado. Já comecei a exercitar minha veia de cyberartista com a edição desta foto, ainda não descobri tudo o que o software pode fazer, mas estou gostando mais dele do que o Paintnet.
Engraçado esta situação para entender essa necessidade quase patológica dos seres humanos em querer retocar o que as vezes já é irretocável, isto fica mais acentuado quando se trata de personalidades perfeccionistas.
Agora diga aí, ficou legal a edição que fiz de uma foto antiga pertencente a um ensaio caseiro feito no Forte Orange, em Itamaracá.

Para quem gostou segue o pode achar o programa para baixar grátis aqui.

Brincando com o PhotoScape

Planície da Tessália

Não é segredo para ninguém que me conhece que tenho uma especie de adoração por tudo que venha da cultura helênica.
A Grécia é como muito chamam “meu lugar no mundo”, é onde minha alma quer ir, ficar por um tempo, recarregar as baterias e retornar. É uma forma de escapar de tudo o que oprime. Todo mundo tem um lugar assim não?
Aproveite os comentário e deixe seu lugar favorito, eu quero saber.

Planície da Tessália

Gratidão

Perdoem-me por todo este período de silêncio, como disse a um futuro grande amigo: “As vezes precisamos de um pouco de escuridão para lamber as feridas profundas que não cicatrizam”. Foi isto que aconteceu comigo, precisei de um tempo no limbo de meus pensamentos e emoções para uma reestrutura, um recomeço, para o bom lógico, para o melhor. Aqui estou retomando as atividades do blog, postando novamente sobre o que está recheando minha alma, compartilhando com você leitor do blog um pouco de minha humanidade, minha jornada.

Este final de semana foi muito especial, na belíssima cidade de Cabrobó, junto de um povo querido, acolhedor e amoroso, este período de um dia foi para mim como um bálsamo para minha alma cansada. Quero agradecer pelo companheirismo de minha amiga Mercia Cordeiro, e o carinho hospitaleiro de Dona Deusa, jamais esquecerei, e já estou com saudades da feijoada; agradeço também Francilene, adorei conhecer-te, a salada estava deliciosa e de encher os olhos, tudo feito com muito amor e dedicação num pedacinho do mundo que mais parece o jardim do Éden em tranquilidade e beleza. Deixo registrada por meio deste post minha eterna gratidão, voltarei em breve com as bençãos de Deus.

Passado, um grande mestre

 

Ando totalmente saudoso, mas de um saudosismo saudável, no melhor sentido da frase. Meu saudosismo mistura-se a um futurismo irremediável de quem nunca perde a esperança de acertar, de repintar a lataria e focar no hoje para construir o futuro.

Penso que o passado é muito importante, e não tem isso de que o que passou passou; se não valorizarmos nossos atos passados eles consequentemente voltam para nos assombrar por nossos próprios atos no presente. Estamos na vida como eternos aprendizes, nossos mestres são todos com quem nos relacionamos, e com nossos conflitos internos. A vida é uma eterna história na qual o passado é a única parte sólida, escrita e serve de base para o hoje, e refletirá no futuro. Não sei se estou conseguindo fazer-me entender neste texto sobre a importância do passado, entretanto com certeza você deve estar perguntando-se sobre os aspectos maléficos da saudade, do que já era, do leite derramado, nada mais verdadeiro em ditados populares, e por falar de ditos nada mais errado do que águas passadas que não movem mais moinhos, se não aprendermos sobre nossos erros eles voltam e prendem-nos numa roda da fortuna, as vezes não tão boa, criando um ciclo vicioso, não é assim muitas vezes em nossas vidas? Águas passadas podem sim moverem novamente os moinhos, e também podem empoçar em nossas vidas estragando todos os momentos presente, e azedando nossas conquistas.

É muito fácil e perigoso tornarmos-nos lamentadores crônicos, clássicos chatos que só falam de como era bom antigamente ou de como o mundo caminha para a perdição do mal. Isso talvez tenha a ver também com nossa incrível incapacidade de perdoar, tanto os outros como a nós mesmos. Entretanto deixemos este tópico para outro post futuro.

O meu saudosismo hoje é mais no sentido de resgate do que melhor já tive em minha existência até aqui, e rever meus erros, minhas escorregadas feias; e repensar o que já aconteceu de ruim e usar essas adversidades para evoluir, ser um ser humano melhor agora, pois de passado, presente e futuro, o único que é abstrato é o futuro, impalpável e insólito, terrivelmente insólito.

Essa tal inspiração

 

Quando pequeno, ainda em Porto Velho, a palavra que maior fascinação despertava em minha pequena cabecinha imaginativa era esta do título do post.

Analise comigo o real significado desta palavra (sem recorrer ao dicionário ou ao google, please), inspiração é muito difícil de ser definida. Faça um exercício com um colega, pergunte a ele o que é inspiração, e peça à ele/ela definições e não exemplos. Tenho certeza que demorará um bom tempo para concluir esta tarefa aparentemente simples. Agora mude o método para o mesmo fim, peça exemplos. Viu como a coisa mudou de figura?

Inspiração não necessariamente necessita de criatividade, nem seria sinônimo dela. Entretanto poderia ser uma fagulha, algo que desperta a vontade de iniciar alguma atividade, ou até a resolução de algum problema que até então estava empacado. Tudo depende da nossa inspiração quase sempre inesperada.

Usamos muito no cotidiano a expressão: “Ele está inspirado!”; ou na esfera espiritual que a bíblia foi escrita sob inspiração divina, nos dois casos a palavra possui um significado benéfico, construtivo e por vezes até divino. Como um sopro, vindo da boca da divindade como presente para os mortais, dependem dela a poesia e as outra artes intrinsecamente. A própria estrutura da palavra indica um poder maior capaz de “inspirar” e compelir o homem.

Acredito humildemente  que para vivermos bem é necessário uma grande dose de criatividade, e um fôlego inspirativo constante. A humanidade possui um incrível poder criador, inventivo, porém tudo precisa de um propósito, de uma centelha.

Cebola forever

Cebola, é um de meus vegetais favoritos. Há uma certa majestosidade na aura da cebola, posso falar até em emotividade, visto que as mesmas também fazem-nos chorar, porém de um jeito bobo quase inocente.

É, faz-nos pensar pois ferimos, descascamos, cortamos e violamos sua frágil estrutura, porém não sem consequências pois desperta em nós uma emotividade de lágrimas por um ato meramente culinário.

De uma maneira mais ou menos aprofundada ela é tal como somos, os humanos. Cheios de camadas, ideias e de uma gama de preconceitos metaforicamente representados em suas muitas cascas que quando são despidas revelam a beleza das formas interiores puras e saborosas, aromáticas.

Todos conhecemos seus saborosos valores, e sua versatilidade é incontestável:

~ vai bem no arroz;

~dá-se com o feijão;

~faz par ideal com um filé;

~enturma-se na salada;

~dá sabor às sopas e caldos;

~é companheira do alho num chazinho contra aquele resfriado chato;

~e na conserva fica estupenda.

Cebolas, em questão de variedade, existem grandes, médias e minúsculas. De cores fortes e amenas, seu gosto depende da ocasião do preparo e da escolha do freguês.

É, chego em conclusão de que elas são tal como o ser humano mesmo. Nossa natureza é bem párea metaforicamente (repito) coma a natureza dela. As cebolas possuem coração, um núcleo, acredito imaginativamente que elas podem até ficar ressentidas com nossa recusa em querer consumi-las, unir-nos a elas, que são tão deliciosas.

Há também as cebolinhas, sua outra forma, pode até ser que elas vaidosas como são enfrentem essas dietas miraculosas a quem as mulheres se submetem para mudar a silhueta, porém até a cor muda e nem sempre positivamente, a final verde em gente não cai muito bem, nem um pouco saudável.

Enfim, as cebolitas estão por toda a parte, e quem não gosta de cebola é bobo, bobo de não querer provar essa joia vedete da cozinha brasileira.

A nação da bundolatria

E quando se fala em exportação no Brasil o brasileiro, malandro, pensa logo em bunda: produto 100% nacional!

Será que o resto do mundo é formado por desbundados e desbundadas? Cria-se então um estereótipo em torno das brasileiras, a primeira vista até lisonjeiro, contudo não resiste a uma análise nem tanto aprofundada.

Somos tidos como um povo altamente sensual, porém nosso nível de hipocrisia beira o altíssimo cume do Everest. Já falei aqui mesmo no blog, que podemos até cometer a ação, porém jamais assumi-la assim ficará sempre tudo bem e não se fala mais nisso. Somos a turma do arrumadinho, do deixa pra lá, dos piadistas, tudo é hilário e deixa a vida me levar. Os políticos estão roubando? “Político é tudo igual!” Somos traídos?”Ah, ninguém é de ninguém, viva e deixe viver!”, e por aí vai desaguando no Oceano Atlântico.

A mulher brasileira é popozuda em 99,9% dos casos! Essa mesma e na mesma porcentagem é pobre, tem que cuidar de vários filhos sozinha, acordar cedo e dormir tarde, apanhar do marido ou companheiro (se é que dá para chamar assim certos monstros que andam por aí disfarçados de gente), essa verdadeira mulher brasileira que possui bumbum avantajado, porém sua vida não é de glamour ou sensualidade eterna. Não chovem homens decentes em sua porta, muito pelo contrário. Quem mede os outros por atributos físicos só pode ser pervertido ou mutilado sentimentalmente.

A preferência pelo derriere é unânime e recaí tanto em homens quanto em mulheres, mulheres gostam de traseiros também, assim como homens homoafetivos. O problema é valorizar demais essa parte tão insignificante e fisiológica e necessária às nossas funções intestinais. Não vou nem entrar na questão prática do assunto que seria o sexo anal.

Pasmem, temos até bundólogos formados empiricamente na pura arte de analisar um bumbum, daqui a pouco será inventado uma avaliação de qualidade para as nádegas: quem sabe ISO-BB! Acho que daria em merda!

Finalmente, é pecado ou proibido gostar de uma protuberância na parte de trás? De maneira alguma, cada um é livre para ter preferência pelo quê quiser, porém se a metade da sua laranja for reta como uma tábua? E agora? Passaria a vez, faria a fila andar? Vemos hoje um desfile sem fim de mulheres frutas que ajudam a aumentar a rotulagem tão em voga no mundo, todos temos que ter rótulos e como tal transformamo-nos em produtos numa vitrine, quem tiver a retaguarda mais vistosa será “comprado”. Será isto que queremos para nossos filhos e netos? Ser o país do futebol, do samba e da BUNDA?

O telefone do meu bumbum???

Você quer o telefone do meu bumbum???!

A nova família antiga

A contemporaneidade trouxe a tona assuntos que antes estavam relegados ao campo dos tabus indiscutíveis. A família tão cara e principal miolo de trabalho de religiões hegemônicas como a católica que parece defender com unhas e dentes seu modelo familiar pré-estabelecido: heteroafetivo.

Entretanto família não é algo homogêneo ou linear e sim diversificado. Onde o coração estiver ali estará a família e não tem relação com laços de sangue ou biologismos.

Amigos podem nos ser mais caros do que parentes. Nuclear ou não uma família é a base na formação do caráter de todos os indivíduos humanos, cada experiência, dificuldade, e pequenos momentos formam o quebra-cabeça que é nossa vida.

A união estável homoafetiva veio como afirmação de que família pode ter as mais diversas variantes possíveis e imagináveis, para sua construção basta somente a força mais poderosa do que a gravidade: o amor.

O amor não tem sexo, não têm gênero, nem tampouco religião, o amor simplesmente acontece, e é caridoso, nada é necessário se dar em troca. Esta força que cria laços entre mães e pais e seus filhos, sejam filhos biológicos ou não.

A escolha de seu círculo familiar é a mais bela expressão do livre-arbítrio e está envolvida num emaranhado de complexidade além de nossa compreensão. Podemos não escolher quais serão os laços de sangue que perdurarão em nossa existência, porém podemos e devemos sim decidir como serão os relacionamentos daí em diante. Somos responsáveis pela qualidade dos nossos sentimentos, como e com quem compartilharemos nosso universo peculiar.

Não existe uma nova unidade familiar, visto que o que perdura é a antiga união que reflete nossas escolhas, há amigos que se tornam tão caros quanto familiares e familiares que se tornam tão estranhos quanto transeuntes na rua.

Como será estar preso em um corpo errado?

Imagine viver um dia de sua vida num corpo que não seja o seu! Agora posicione-se em frente ao espelho e ao invés de ver o seu reflexo se depare com algo totalmente diverso da sua própria concepção de si mesmo como pessoa.

Parece enredo de ficção científica? Não, é pura realidade cotidiana para muitos. A pessoa com transtorno de identidade e gênero, antigamente conhecida como transexualismo, vive esta situação literalmente na pele e no mais profundo de seus sentimentos. Como sentir-se mulher num corpo masculino, ou sentir-se homem num corpo de mulher? A sexualidade é um dos fundamentos de nossa identidade, e é através dela que comunicamos nossas demandas à sociedade. Por outro lado a sociedade é muito refratária a tudo que é dito “diferente” ao comum ou que vá contra os dogmas das religiões do ocidente. Aproveito para salientar que toda a forma de expressão deve ser  respeitada, sobretudo a religiosa.

A cirurgia de redesignação sexual foi durante muito tempo relegada ao campo da clandestinidade e muitos candidatos sucumbiam na mesa de cirurgia onde seus sonhos esvaiam-se junto com o sangue. A cirurgia no caso, não é simples, o pós-operatório é doloroso, porém nada disto importa para quem anseia viver em completa sincronia entre seus sentimentos e sua imagem anatômica. Imagine a vontade de sentir-se completo por tanto tempo almejada sendo alcançada? Após o procedimento que pode muito bem simbolizar o segundo e verdadeiro nascimento do ser humano tanto para si, quanto para a sociedade.

No sentido da saúde, o Brasil tem evoluído a passos largos a pesar de sermos uma nação de preconceituosos não declarados, pode ser só não pode assumir. O don’t ask don’t tell aqui é ao contrário!

A marginalidade ainda é um ponto a ser trabalhado, a falta de políticas fortes e compromissadas com esta população acaba relegando possíveis grandes colaboradores à prostituição, violência e subemprego.

Uma nação só é grande quando consegue respeitar e conviver harmonicamente com a diversidade e isto tem que acontecer desde cedo dentro de casa ensinado a nossos filhos o respeito e não a chacota e o deboche.

O caminho invariável do indivíduo transex é a operação de redesignação sexual. Não seria melhor construir políticas públicas para tanto que atenda a contento esta população? Muitos ainda vão para países remotos procurando um preço acessível para a cirurgia, e vale lembrar que não se trata de estética e sim de funcionalidade mesmo. Comecei falando que o transexual sente-se no corpo errado, e isto precisa ser readequado para que cesse o ciclo de sofrimento e dor desta pessoa.

Voltando ao primeiro parágrafo use a imaginação e fique de frente ao espelho, imagine-se num corpo errado, imagine também um mundo inteiro que ainda não conhece você em sua verdadeira forma. É como ser uma lagarta e se sentir uma borboleta, basta apenas um tempo na crisálida, um casulo que não está ao seu alcance. Quem somos nós para negar esta metamorfose?

Caráter aprimorado.

O determinante do nosso caráter é sem dúvida as experiências acumuladas ao longo dos anos, e entende-se aí as más e boas passagens. Como tendemos a supervalorizar tudo o que julgamos ser ruim, sem saber que muitas vezes essas situações nos elevam, acabamos permanecemos por muito tempo no erro mesmo após muitas derrapagens na mesma curva.

Em todos os cantos do mundo há pessoas dispostas a fazerem tudo com seu tempo, e muitas vezes esse desprendimento não é nada lisonjeiro.

Continuando o raciocínio, e indo mais além, tenho uma certa impressão que alguns lugares extravasam sua cota de gente safada, invejosa, e por aí vai descendo ladeira abaixo a lista…!

Para mim não há nada que fira mais do que a falsidade e desrespeito. E dentro do desrespeito há ainda várias subatrocidades cometidas de irmão para irmão, afinal compartilhamos o mesmo orbe e com ele pereceremos se um dia o famigerado armaggedon acontecer, e esse nivelamento já acontece todos os dias na forma da morte!

Morrer é assinar um atestado de igualdade fraternal, todas as criaturas estão sujeitas a finitude algum dia. Se é inevitável, e imprevisível, nada adianta preparação, ou pior ficar remoendo algum erro de relacionamento com um falecido: “Se ele não tivesse morrido faríamos isto ou aquilo!”; ou “Arrependo-me tanto de não ter dito que o amava mais vezes!”. São auto-martírios, já aconteceu e não havia modos de fugir desta fatalidade, o destinho é como água de rio sempre com seu curso em andamento, e sempre para o mar, a contemplação é o único e eficaz remédio para a alma dos atormentados.

Em nossas preces o simples pedido de acalento ou de “passagem do cálice” não deve ser feito, seria de melhor valia pedir forças para conseguir ultrapassar esta etapa e sair fortalecido, é para isso que servem as provas da vida, para nos testarem, e com isto o nosso caráter é forjado no mais puro sentido da palavra forja. Não digo que se deve ser um sofredor compulsivo, pois quem nada perdeu ou nada sofreu pode muito bem aprender com o sofrimento dos outros, isto chama-se empatia. Porém esta faculdade não é ostensiva a todos. A maioria precisa sentir na pele e/ou ver como Tomé para poder mudar, e entender o mundo como realmente é.

Estacionar.

Na vida, às vezes é preciso parar, analisar e escolher o melhor caminho a seguir. Em outras ocasiões tudo parece estagnado, o marasmo parece criar raízes e piorar com os dias. E o que dizer quando é preciso parar seus planos por um tempo indeterminado?

Em várias ocasiões temos que cuidar de um ente querido em tempo integral com dedicação e amor, tanto que como cuidadores deixamos de cuidar de nós mesmos. A Síndrome de Burnout é conhecida como a síndrome dos cuidadores que não se cuidam. O sentimento de compaixão para com os semelhantes possui o poder de anular nosso pior inimigo: o egoísmo. Esta falha é uma chaga que corrói nossa sociedade de dentro para fora e incentiva a manutenção de casulos de interesse: primeiro o meu, depois os do meu entorno, e por último talvez os outros se outro parente não aparecer.

Nesta terra estranha todos são estranhos sujeitos, inimigos subjetivos de todos os que possam nos ameçar o status. Tudo isto segundo alguns estudiosos do evolucionismo dizem ser resquícios da nossa competitividade reptiliana.

Atualmente isto se traduz na ida a estádios e a devoção por um time, a própria competição lembra o período romano e os coliseus onde uma população inteira vestia-se e sentava-se dignamente para assistir alguns desafortunados virarem comida das feras.

Daí vem algumas perguntas:

– Porque ninguém protestava?

– E que diabos de graça tinha ver alguém morrer de uma forma tão desgraçada?

– Não seria melhor pegar o pão oferecido pelos governantes e ir para casa?

O exercício do sadismo e voyeurismo está incrustado no ser humano, basta observar um acidente de trânsito, uma briga ou um incêndio sempre há a reunião de um aglomerado que nada faz senão observar. A tragédia alheia dá-nos satisfação visto que somos perfeitos juízes ordinários e condenadores natos de tudo e todos, hipócritas por natureza, o sublime e o profano convivem em nosso interior como em simbiose profunda, um não pode existir sem o outro. Num momento estamos subindo o mais alto monte da resignação e no outro estamos feito porcos chafurdando na lama de nossas mesquinharias.

Assim ora estacionamos, ora estamos galgando o sucesso de uma sólida carreira. O importante de cada momento é a ponderação da importância que cada momento nos trás. Se estamos inteiros vivendo o momento, e suportando as dificuldades então estamos crescendo, aprendendo a sermos melhores para o futuro, entretanto repito é recessário estarmos totalmente voltados para o agora e entender o porquê deste tempo de parada, este standby pode ser necessário para nosso próprio bem. Que tal aproveitar para estudar, ou colocar a leitura em dia?

Se parou para cuidar de um parente não deixe de olhar um pouco para si também, pois não conseguirá cuidar de ninguém se cair enfermo também.

Estacionar é tão necessário quanto progredir, e faz parte da evolução tanto quanto o progresso. Os saltos são mecanismos importantes, e de tempos em tempos temos reviravoltas inesperadas que mudam nossa situação, em alguns casos não temos controle sobre elas, porém na maioria das situações temos que fazer acontecer.

Sorrir? Agora não, obrigado!

“Sorria!”, diz todos os manuais de auto-ajuda e teorias new age. O sorriso ilumina, abre portas e por aí vai…

Se o sorrir produz luz então talvez seria interessante investirmos em sorrielétricas!!!

Infâmias à parte! Uma pessoa simpática está sempre com os dentes expostos em qualquer situação. Existe o extremado que prefere a gargalhada, para mim, o auge da ironia. Entretanto, como rir em nossos dias pode aliviar toda a carga de mazelas das paixões humana e entraves sociais lançados todos os dias em nossa cara pelos notíciarios? A situação mundial invariavelmente é deprimente.

O sorriso hoje tido como comportamento agradável é na verdade resquícios de uma época não tão elegante onde precisávamos caçar para sobreviver e defender nossos territórios com unhas e dentes, literalmente.

A arma de intimidação foi ao longo do tempo modificada e hoje é usada muitas vezes mais para dissimular caráteres do que para expressar verdadeiros sentimentos.

Quem diz não a este festival dentário fica sujeito a julgamentos e rotulismos, afinal o mundo exige que você se abra, e escancare toda sua vida. Seres humanos sentem este desejo tolo de mergulhar no alheio, falar do outro, ter poder sobre, o poder que o conhecimento dá, a informação é ainda o maior tesouro e o voyeurismo continua em voga, vide as revistas e programas de fofocas, e reality shows. É no mínimo doentio.

O sorrir tira a neutralidade das personalidades e abre as possibilidades para possíveis relacionamentos, mesmo recheado de segundas intenções, quem sorri expõe ao outro alguma intencionalidade velada.

Banzo geral.

Somos burros dentro do buraco?Banzalizou-se tudo: a nação, o mundo e (como somos pretensiosos ao extremo de duvidar que exista vida em outros planetas, um pensamento egoísta e estúpido!) o cosmo. Impossível reconhecer o mundo em que estamos, é uma nova terra onde cantam os sabiás desconhecidos em cima de palmeiras estranhas, clandestinas, talvez contrabandeadas, tudo é novidade para a população e nem sempre novidade boa como deveria ser.

Pode ser o apocalipse que está chegando, o fim dos tempos bíblico. Quem dera fosse o armaggedon dos corruptos e sugadores da máquina pública, mas não, estamos em um novo tempo.

Neste novo mundo desconhecido acabamos de aprovar o assassínio de iguais, fetos sem cérebro? Inviável? A questão maior seria a ética: a ninguém é dado o direito de tirar a vida de outro ser humano, entretanto não posso opinar, sou estanho em terras modernas.

Quanto a profissão mais antiga do mundo: legalizar não é trocar seis por meia dúzia? Melhor seria dar condições morais para que ninguém precisasse prostituir-se.

E o preconceito heim? Todo mundo fala que não tem, “Deus me livre, aceito todo mundo!”, o que é um absurdo, porém é só a oportunidadde surgir que a carapuça passa de cabeça em cabeça como luva, contando que você não assuma que é tudo bem! Ou “Não sou contra, contanto que não seja na minha família!”, não entendo como alguém pode ser contra ou a favor de outro existir e ser o quem é?

Ok! E o banzo? Dr. Leoh responde em miúdo: sabe aquela sensação horrorosa de saudade, angústia e desolação quando mundamos para um lugar desconhecido? Até que ocorra a adaptação pernacemos fragilizados, deprimidos, isto é banzo, só entende quem já passou.

Então, e o mundo? Você não sente um banzo quando liga a TV, lê jornal ou se depara com gente cretina?

A realidade está com suas pernocas para o alto e sacudindo-as como na Broadway e a platéia somos nós, as pessoas comuns obrigadas a assistir a uma longa novela sem fim: Vidas pelo ralo… ALTA AUDIÊNCIA!

Rótulos, outra coisa que irrita como urticária, todos necessitamos de um, somos rotulados a todo instante ao passo que também rotulamos de volta com igual intensidade, entretanto cada pessoa só pode te um mesmo, nem pense em querer ter mais porque não pode, irá confundir a sociedade! Cadê a subjetividade humana? Onde está o ser multifacetado? E o pluribus unum que nada! Vamos fabricar pseudopensamentos em série na fábrica de cabestro da falsa cultura popular (Ai novinha! Ai, ai, novinha!), da má educação e da falta de oportunidades que condena milhares de crianças a uma vida de mediocridade, porém se somos feios não importa, estando na moda tudo é relevado.

Nossa nave-mãe em algum momento foi avariada por chuva de meteoros da paixão ou outra tolice e acabamos vindo parar neste planeta tão parecido com a nossa boa e velha Terra, entretanto tão inóspito, selvagem e estúpido quanto. É melhor mesmo que esta sensação de banzo não passe jamais, que nunca nos adaptemos a esta situação.